07/05/18

Camotes

O pequeno arquipélago das Camotes é composto por três ilhas e um ilhéu. Perdido algures entre as ilhas de Cebu, Leyte e Bohol, é frequentemente preterido, senão mesmo ignorado, pelos turistas pelo que foi provavelmente a mais agradável surpresa que nos reservou a nossa passagem pelas Filipinas.

A duas ilhas principais - Pacijan e Poro - têm ligações de ferry à ilha de Cebu. A última tem ainda ligações à ilha de Leyte, tal como a mais pequena Ponson. Não existiam, à data da nossa visita, ferries de Bohol para as Camotes, pelo que apanhamos o ferry para Cebu e depois o autocarro até Danao, onde embarcamos rumo a Consuelo, nas Camotes.

Optamos por ficar alojados naquela que é provavelmente a praia mais bonita da ilha, a Santiago Bay. É também aqui que se concentram a maior parte de alojamentos e restaurantes mas é ainda um pequeno vilarejo que não conta com mais de 3 restaurantes na areia, um punhado de pequenos hotéis ao seu redor e duas pequenas "lojas de conveniência" para os locais.


Ficamos alojados no simpático Swisslagoon a poucos metros da praia, que para além de só ter 2 quartos ainda dispõe de um terraço bastante agradável ao final do dia ou mesmo à noite. As estradas da ilha têm muito pouco trânsito, praticamente só motos e bicicletas, estão bem sinalizadas e têm o piso em bom estado quando não se encontram em obras. É barato e fácil percorrer as duas principais ilhas alugando uma scooter.

Começamos por explorar a ilha de Pacijan, partindo em direcção ao maior povoado das ilhas, San Francisco. Sem grandes atractivos por si própria, decidimos explorar o mercado até porque precisávamos de comprar roupa.



De seguida atravessamos a parte norte da ilha até à gruta de Timubo. As Camotes têm várias grutas com piscinas subterrâneas cristalinas e cuja água se encontra contacto com a do mar, pelo que se sujeitam às flutuações das marés e a água é quente, contrariamente ao que seria de esperar numa gruta. Chegamos a esta com a maré em cima e apenas um turista que também acabara de chegar.




Prosseguimos em direcção à Esperanza Beach mas não sem parar no extremo norte da ilha para uma curta travessia barco até ao pequeno ilhéu Tulang. É preciso negociar o barco com os pescadores e garantir a viagem de regresso.



Aqui vivem algumas famílias, em pequenas cabanas construídas junto à praia sul do ilhéu - sem luz ou água doce - existindo apenas uma pequena escola onde aparentemente era dia de festa. E nós, sem saber, fizemo-nos de convidados e atracção ao mesmo tempo:



Prosseguimos então viagem em direcção ao centro da ilha, para almoçar no lago Danao: um impressionante lago de água doce escondido entre a densa vegetação, também ele completamente inesperado numa ilha desta dimensão:


Após um primeiro contacto com uma variante de lechon - iguaria filipina similar ao leitão português - regressamos à estrada para percorrer mais alguns kms neste pequeno paraíso. Desta vez o destino era a Mangodlong Rock, a praia artificial mais conhecida na ilha, que foi provavelmente a única coisa que não nos impressionou. O tempo inconstante também não ajudou à festa.

Completamos a viagem de regresso uma tentativa algo frustrada de visitar as praias do sudoeste da ilha, que foram - segundo o proprietário do nosso alojamento em parte adquiridas por "empresários" chineses e coreanos, que vedaram as suas propriedades privadas com muros intransponíveis. 

Ainda assim pelo caminho ainda tivemos alguns encontros interessantes, incluindo com este simpático senhor também ele fluente em inglês:




De regresso à base, era tempo de dar descanso à mota e levar o corpo a banhos, enquanto aguardávamos o por do sol e o staff dos três restaurantes de praia jogavam volleyball antes que chegassem a meia dúzia de clientes do dia. Nas Camotes - provavelmente por influência das várias ilhas maiores que a rodeiam - o tempo é ainda mais inconstante do que nos restantes locais onde estivemos nas Filipinas, sendo que no mês em que fomos, geralmente acabavam por surgir núvens ao pôr do sol que culminavam em breves chuvadas e trovoadas ao anoitecer.



No período nocturno, mesmo esta praia dispõe apenas dos já referidos três restaurantes, que param de servir refeições pelas 21h, e um pequeno bar de uma família rastafari, que também vende souvenirs e aluga motas durante o dia. A noite acaba cedo e após as 23h dificilmente encontraram alguém na rua. 



Os restaurantes servem todos um menu similar mas recomendamos o Pitos. A ementa inclui a melhor lula que já provamos até hoje, uma ou duas variedades de atum, algum marisco e alguns pratos típicos como o Adobo:

 O acompanhamento oscila entre o arroz branco e o garlic rice, um arroz também ele branco e solto, aromatizado com alho.

No dia seguinte, o destino era a vizinha ilha de Poro. Repetimos o caminho do dia anterior até São Francisco e atravessamos o pequeno caminho artificial de terra que une as ilhas. Chegamos pouco depois à localidade de Poro propriamente dita. 

O nosso primeiro destino eram as cascatas de Busay, escondidas bem no meio da vegetação da ilha. Não foi fácil encontrar o caminho mesmo com ajuda de mapa e GPS mas lá chegamos e até a bilheteira estava deserta (aparentemente há muito tempo):


Depois de um primeiro banho matinal, prosseguimos em direcção à ponta leste da ilha, onde nos aguardava outra gruta. Esquecemo-nos do pormenor das marés e encontramos assim a gruta de Bukilat: 


Contudo, o melhor anda estava para vir. O motivo de reservarmos um dia inteiro para esta ilha foi o facto de nos terem aconselhado a regressar pelo nordeste da ilha, a parte mais acidentada geograficamente e que demorava mais mas também a mais bela em termos paisagísticos:



Mesmo antes de regressar à ilha de Pacijan, paramos na Buho Rock, uma espécie de construção similar à da praia de Mangodlong mas que aproveitou a elevação da escarpa e de uma rocha no mar. Daqui é possível salta para o mar, nadar e regressar por umas escadas.


Para o terceiro dia, deixamos a belíssimas estradas para segundo plano e procuramos uma pequena praia que nos faltava um pouco a ocidente de Santiago Bay. E foi assim que encontramos aquela que é provavelmente a melhor praia para banhos da ilha:


E esta era a nossa única companhia:



As ilhas Camotes foram o sítio mais organizado, limpo, relaxado e diversificado onde estivemos no país. O facto de se encontrarem em estado puro, sem qualquer pressão turística e sem problemas de poluição evidentes, faz destas ilhas um destino que deve ser considerado em toda e qualquer viagem à região de Cebu.