25/12/16

Natal nas Filipinas e na Tailândia


Depois de 20 dias em várias ilhas das Filipinas, chegamos à Tailândia mesmo a tempo do Natal. No primeiro país, onde a maioria da população é católica - fervorosa, diga-se - abundavam as decorações natalícias com um toque tropical: "árvores" de natal feitas de conchas, presépios em barcos de bamboo, pais natais aquáticos, etc. 


Cruzamo-nos diariamente com grupos de crianças e adolescentes que circulavam pelas ilhas cantando, quase uma espécie de "Janeiras" antecipadas, para angariarem donativos para as suas festas de Natal. Era notório o aumento no consumo de "lechon" - o leitão reservado para ocasiões especiais - e havia um número significativo de cabras e cabritos nos pastos, que estranhamente nunca constavam dos menus dos restaurantes. A resposta, descobrimos junto do nosso anfitrião nas Camotes, era o Natal: estavam destinados a ser "consumidos" nas festas natalícias.



As igrejas que já se extravasam de pessoas nos dias "normais", têm um programa de "Misa do Gallo" com 16 missas consecutivas ao nascer do sol, entenda-se 4h30 da manhã. No dia em que deixamos o país, no caminho para o aeroporto havia trânsito por causa de um aglomerado de pessoas na estrada. Um acidente, pensamos nós. Na realidade eram "apenas" centenas de pessoas que se reuniam a esta hora na igreja, no passeio e mesmo na estrada. Fervorosos se calhar é pouco...



Chegados ao sul da Tailândia, a ausência de decorações e de espírito natalício não poderia ser maior (afinal de contas é um país budista com alguma presença muçulmana mas não cristã nesta zona, certo?). De certa forma arrependemo-nos de não ter prolongado a nossa estadia nas Filipinas (havíamos lido que a estadia sem visto era de 21 dias quando afinal foi estendida recentemente até 31 dias) mas tivemos que nos "amanhar" com o que tínhamos. Assim, mantivemos o plano de passar os dias que antecederam o natal em Koh Lipe e mudamo-nos para a pacata e selvagem Koh Adang a uns escassos 10 minutos da mesma.

Passamos a manhã do dia 24 em Koh Lipe onde aproveitamos para conhecer a Sunset Beach - a única que nos faltava na ilha - e dar uns últimos mergulhos na melhor praia da ilha, a Sunrise Beach. 





Após o almoço, regressamos a Koh Adang e aguardamos serenamente pela consoada na praia, entre mergulhos, snorkeling e kayak


Como não havia leitão nem cabrito, já para nem falar em bacalhau, polvo ou perú, tivemos que "improvisar" com peixe frito com erva príncipe. Trocamos as nossas prendas enquanto ouvíamos músicas natalícias no youtube e claro, falamos com a nossa família por video-chamada. Terminamos a noite com um copo de vinho a admirar as estrelas e as luzes de Koh Lipe à nossa frente. 


Calor, ausência da família, do bacalhau, do bolo- rei, das correrias de última hora, foi de tudo isto que sentimos falta. Por outro lado será um Natal que ficará para sempre nas nossas memórias por ser tão diferente daquilo que já vivemos e por termos presenciado algo ainda assim tão "familiar" do outro lado do mundo, nas Filipinas.

23/12/16

Mongólia Central


A Mongólia é um extenso país mundialmente famoso pelas suas estepes, desertos e pelos seus exímios cavaleiros. Para se conhecer esta região invariavelmente vai ser necessário percorrer longas extensões de quilómetros. Esta característica do país torna-o um dos mais difíceis para viajar de forma independente. Isto porque praticamente não existem estradas, a maioria delas é em terra batida e com vários “caminhos traçados no chão, longas extensões de terrenos sem grandes diferenças visuais que poderão levar-nos à "desorientação". Para além disso, não existem muitas opções de alojamento fora das zonas mais turísticas pelo que ter alguém que tenha o contacto das famílias nómadas é sempre uma mais valia.  


Para estas longas excursões existem diversas opções para diversas carteiras. Poderá-se alugar um jipe ou carrinha privada com condutor, alugar um carro - pelo que vimos acho que será a pior opção devido à orientação e possíveis avarias, ou procurar encontrar viajantes para dividir as despesas de alugar transporte e contratar um condutor - praticamente todas os alojamentos ajudam nesta opção.  Existem várias agências de renome especializadas em tours pelo país mas, apresentam preços muito elevados. Acredito que apresentem um óptimo serviço nomeadamente com diferenciação da acomodação e alimentação, mas a relação qualidade/preço não será das melhores. 
Há a possibilidade de utilizar transportes públicos, nomeadamente o comboio e autocarro, para algumas zonas do país pelo quem o desejar fazê-lo deverá fazer uma maior pesquisa. 


Tour pela Mongólia Central

Quando chegámos à capital da Mongólia, no final do mês de Outubro, o país já se encontrava bastante frio com temperaturas a rondar os -18ºC.  Fora da capital as temperaturas estariam ainda mais baixas pelo que pareceu-nos sensato escolher uma zona que fosse "menos fria". Após alguma pesquisa de preços e itinerários optámos por escolher uma tour de 4D/3N na área conhecida como Mongólia central. A tour foi organizada pelo nosso alojamento - Zaya Guest House. Sendo época baixa, só conseguimos encontrar mais uma pessoa para se juntar a nós e partilhar as despesas. 

Dia 1

Partimos cedo de Ulan Bator em direcção à antiga capital do país - a cidade de Karkorum - actualmente as ruínas da cidade fazem parte do Património Mundial da Unesco. A viagem até lá foi bastante longa e já só chegamos a tempo do jantar não conseguido ver muito mais. Pelo caminho o primeiro contacto com a Mongólia não citadina foi indescritivel: longas extensões de terreno, com animais em enormes grupos a fluir livremente, pouquíssimos carros na estrada, e um céu azul que quase nos fazia esquecer o frio que sentimos. Este primeiro dia também serviu de "treino" para as condições que teríamos que enfrentar nos restantes dias. 


Ficamos alojados numa ger ou yurt, que são tendas circulares, onde os nómadas podem viver de forma permanente ou nómada num local. As tendas são aquecidas por uma espécie de salamandra que fica situada no centro da mesma. No topo da tenda existe alguns buracos para sair o fumo e também espaço para a chaminé. 

Na nossa primeira noite as temperaturas desceram até -25ºC, o frio era imenso, o vento que entrava pelos buracos no topo da tenda faziam regelar ainda mais a alma. Já íamos preparados pelo hostel que nos emprestou 2 sacos camas por pessoa  (ideais para temperaturas até -17ºC). Pelas 4 da manhã eu e o Paulo acordamos com ainda mais frio quando olhamos o fogo tinha-se apagado. Nesta altura só me lembrei de vestir as calças de neve que sem dúvida foi uma grande ajuda. Na nossa tenda existia luz eléctrica mas não tinha água corrente (como em todas que pernoitamos), e a “casa de banho” ou “nomadic toilet” como o guia gostava de chamar, é apenas um buraco coberto por umas tábuas de madeira geralmente afastado dos gers - o que fazia as idas à noite à casa de banho um verdadeiro martírio.

Dia 2

Acordamos cedo, tomamos o pequeno almoço com os mantimentos que levamos e partimos então à descoberta da antiga capital imperial que foi destruída pelos soldados de Manchú. Visitamos o grandioso mosteiro de Ordene Zuub. 

Este mosteiro foi também o primeiro local de doutrina do Dalai Lama na Mongólia. Estando no mosteiro pelas 11h é ainda possível presenciar uma cerimónia feita pelos monges onde fazem um “chamamento sonoro” para o recinto do templo. Em frente ao mosteiro existem algumas bancas a vender artesanato local a preços simpáticos.  Fora dos limites do mosteiro, há duas rochas em forma de tartaruga e ainda um estranho "expositor" do que sobrou dos pilares da antiga capital mongol.

Fomos almoçar a uma cantina mongol onde todos os pratos tem por base o borrego e são feitos praticamente na hora em frente ao cliente.

Da parte da tarde estava programado fazermos o caminho em direcção ao vale de Orkhon para no dia seguinte podermos ver a sua bela cascata. Infelizmente não podemos visitar esta zona do país pois, os cursos de água maiores que tínhamos que atravessar com o carro ainda não estavam 100% congelados, pelo que a meio do caminho ficamos atolados. Para nossa sorte apareceu um nómada com um burro do meio do nada que nos ajudou. Assim sendo e sem opções tivemos que voltar para trás e voltar a dormir no mesmo ger.

No regresso forçado à cidade de Karkorin, o nosso guia arranjou-nos um "programa alternativo" e levou-nos a uma colina com vista sobre a mesma onde se existem duas rochas sagradas: uma em forma de tartaruga, e ainda escondida num pequeno vale uma rocha fálica que acredita-se que ajude na fertilidade das mulheres. No topo da colina, um agrupamento de estupas budistas e alguns amontoados de rochas utilizados em rituais xamânicos.

Dia 3

Mais uma vez acordamos cedo e fomos em direcção a  Elsen Tasarkha para vermos um pequeno de pedaço de deserto como o nome de “Bayan Gobi”. Antes de seguirmos viagem paramos no mercado local e comprarmos carne e massa para o jantar, visto que a família onde ficamos não poderia cozinhar para nós.

Foi um dia memorável, as temperaturas estavam mais altas e o sol brilhava, e passamos umas boas horas a caminhar nas dunas e a andar de camelo. Os camelos eram uma autêntica comédia! Eu fiquei com o mais calmo e o Paulo ficou com o mais “arisco” que simplesmente não o tolerava - tiramos muitas fotos engraçados à conta desta relação entre os dois. 

De seguida fomos visitar as ruínas do Mosteiro de Ongi e os pequenos locais de culto e meditação circundantes que ainda lá existem. Aqui existiam dois dos maiores mosteiros budistas do país, que foram destruídos durante o período de governação comunista no de 1930. Devem o seu nome ao rio que separa esta zona do Bayan Gobi, o rio Ongi que se encontrava congelado.

Ao cair da noite foi altura de regressar ao ger e começar a preparar o jantar. Sem dúvida que para mim, que adoro cozinhar, foi uma experiência única de cozinhar no fogo numa tenda mongol. Como connosco estava um rapaz natural de Hong Kong tentei cozinhar algo minimamente portugês e no fim passamos de 3 pessoas ao jantar para 6 ( o motorista + duas crianças). Acabamos a noite a olhar e o Paulo a fotografar as estrelas debaixo daquele céu infinito enquanto bebíamos um copo de vinho. 


Dia 4

No quarto dia começamos a fazer o caminho em direcção a Ulan Bator mas com paragem programada no Parque Nacional Khustain Nuruu. Este parque é uma área protegida famosa, com cerca de 50 mil hectares, pelos animais que lá vivem: uma espécie endémica de cavalos (mais pequenos do que o normal), veados, pássaros entre outros. 

Na altura em que visitamos o mesmo estava da mesma tonalidade de toda a mongólia - acastanhado. Pelo que na Primavera (com campos verdejantes) ou no Inverno (coberto de neve) as paisagens serão de certo mais belas. Continuamos a nossa viagem e chegamos a Ulan Bator por volta das 18 horas. O trânsito para entrar na cidade é medonho, e o nosso motorista decidiu fugir ao trânsito pelas colinas da cidade onde podemos ver a zona de favelas da cidade: muitos gers, muito fumo, muito lixo e muita pobreza contrastando com o centro da capital.

Preço


O preço da tour foi de 110 euros/pessoa para os quatro dias. Neste valor estava incluindo o preço da carinha com ar condicionado, combustível, condutor e as refeições do condutor. À parte tivemos que pagar as nossas refeições (cerca de 2 a 4 euros/pessoa), alojamento (3,80 a 5euros/pessoa), entrada no parque natural e passeio de camelo. 

Sem dúvida que o Outono/ Inverno são alturas mais complicadas para visitar o país,mais ainda assim a experiência de fazê-lo é bastante positiva. Temos planos de voltar num futuro na altura da Primavera para poder continuar a explorar o país - nomeadamente o mítico deserto do Gobi.

18/12/16

Ulan Bator


Ulan Bator ou Ulaan Baatar é a capital e maior cidade da Mongólia. Foi a nossa primeira paragem depois de deixar o território da da Federação Russa em mais uma viagem nocturna de comboio. É também aqui que se concentra quase metade da população do país, embora uma boa parte dela de forma não oficial e temporária. 

É uma cidade de altos contrastes, com um centro cosmopolita onde facilmente se encontra praticamente tudo o que possa existir numa cidade ocidentalizada a partir do qual rapidamente se chega a zonas com aspecto de favela, repletas de pequenas barracas e gers entalados entre as mesmas. Contrariamente ao resto do país, onde o conceito de propriedade privada e vedada ainda é praticamente desconhecido, aqui a terra é valiosa e praticamente tudo se encontram delimitado, seja por vedações, muros ou arame farpado.

Após muita pesquisa, um par de marcações e demarcações depois, optamos por ficar alojados na Zaya Guest House. Ficamos no edifício nº1 (tem uma segunda localização a uns metros de distância) e era agradável. O motorista vai buscar-vos gratuitamente à estação de comboios (já a ida é a pagar) mas esta também é ligada ao centro da cidade pelo frequente trolley número 4 (300 tughriks). Os autocarros são mais irregulares e mais caros (500 tughriks). Em ambos casos, tentem levar o dinheiro certo pois não há troco (o dinheiro é inserido numa ranhura).

O centro da cidade encontra-se em rápida modernização, pelo que o mais difícil é encontrar exemplares de arquitectura típica mongol, perdida primeiro pela sovietização do país no período comunista e subsequentemente pela ocidentalização da cidade. 

Contrariamente ao que lemos em alguns relatos, achamos a cidade interessante e merecedora de dois dias completos de exploração. A maior parte das atracções encontram-se no centro da cidade, sendo a as principais excepções o Palácio de Inverno de Bogd Khan e o mercado Naan Tuul.


O inevitável centro de referência para qualquer turista é a praça Gengis Khan, até há bem pouco tempo chamada praça Sukh Baatar. O seu antigo nome, que significa "Machado Vermelho" e não "Herói Vermelho" como irão encontrar em alguns guias, deve-se a Damdin Sukhbaatar, o soldado revolucionário que terá ido à Rússia - então União Soviética - em busca de auxílio para a revolução que libertaria a Mongólia do jugo Chinês. em 1921 Na sequência da mesma, a praça viria a ser irremediavelmente modificada: complexos de templos e mosteiros foram demolidas e deram lugar ao Palácio do Governo e ao Teatro Nacional. Hoje em dia, é uma das maiores praças do mundo e o recentemente renovado palácio foi dotado de uma estátua de Gengis Khan bem no centro, ladeado de 4 estátuas mais:  os dois filhos e dois guardas mongóis. Este é sem dúvida a figura incontornável da história do país e as suas ideias, mesmo sem o sabermos, ainda hoje em dia têm impacto no nosso mundo: foi o primeiro a defender a imunidade para diplomatas, que à data eram eles próprios e os seus familiares frequentemente presos, torturados e mortos em alturas de conflito; foi também o percursor da primeira região de comércio livre intercontinental, no processo de formação daquele que viria a ser o maior império de território contíguo da história da humanidade, estendendo-se do sudeste asiático à europa.


Enquanto que a norte da praça permanecem edifícios do período socialista, nomeadamente vários museus, a sul da mesma é notório o despontar de vários edifícios modernos que deixam o mais antigo templo da cidade, o agora museu Choijin Lama, literalmente perdido no meio deles. Tentamos visitar o mesmo em dois dias diferentes - tem horários de abertura bastante restritos fora da época alta: Junho a Setembro: aberto todos os  dias das 9h30 às 19h; Outubro a Maio abre apenas de Terça a Sábado, das 10h às 16h30 - mas no primeiro dia estava fechado, de acordo com o seu horário que à data desconhecíamos. Na segunda ocasião que tentamos, e que segundo o horário deveria estar aberto,  o "simpático" senhor que aparece na porta barrou-nos a entrada (a nós e a mais uns quantos turistas).





Nas oeste da praça, mesmo em frente ao State Department Store - um imponente edifício com 6 andares abertos ao público onde há um grande supermercado bem como lojas com variadíssimos produtos, começa uma grande avenida em direcção a sul que termina no Circo, com o seu telhado amarelo. Pelo caminho, passa-se pelo avermelhado Teatro Nacional do Drama. Nas redondezas do circo, algo escondido por entre feios prédios do período socialista que se encontram à sua direita (para quem está de frente para o circo), encontra-se o mercado de frescos ou Mercury Market. 





Daqui são uns 100m até à avenida que vai da praça principal para sul, onde apanhando qualquer autocarro nesse sentido irão chegar ao Palácio de Inverno de Bogd Khan.



Este foi também ele transformado em museu e cobra um bilhete de 8000 tughriks de entrada. Cobram ainda as mais exorbitantes taxas para fotografar e filmar que alguma vez vi (50000 e 70000 respectivamente,  equivalentes a 20 e 27 euros), principalmente tendo em conta que lá dentro é proibido fotografar e filmar em praticamente todo o lado. Penso que não serei injusto se lhe chamar uma "tourist trap".  Nós optamos por não pagar e acabamos por conseguir tirar uma ou duas fotos em "ângulos mortos" das múltiplas câmaras de "segurança" que existem no local.


Na zona oeste da cidade, percorrendo o centro pela Avenida da Paz, chega-se ao maior complexo de templos e mosteiros budistas da cidade, o único de Ulan Bator que se manteve em funcionamento durante o período socialista. O Gandantegchinlen, ou simplesmente Gandan Kiid, consiste de um edifício principal, o templo Boddhisattva Avalokitshvara, no cimo de uma avenida ladeada por vários edifícios anexos. 






No edifício principal encontra-se um buda em pé com 26,5m de altura, o maior buda em pé num espaço fechado de todo o mundo. Fora do complexo há outros pequenos mosteiros onde os locais recorrem e onde é  possível entrar e observar os monges a efectuar longas rezas a troco de uma módica quantia de dinheiro. O complexo tem um bilhete de entrada  - 4000 tughriks com direito a um mapa do complexo - que em boa verdade só nos foi cobrado já dentro do edifício principal (embora tenha bilheteiras logo à entrada).


Esta zona da cidade, apesar de relativamente central, tem um ambiente totalmente diferente do centro propriamente dito. A pobreza é mais notória, há avisos relativos a carteiristas um pouco por todo lado e foi provavelmente o sítio da Mongólia onde nos sentimos menos seguros embora não tenhamos tido qualquer problema. Provavelmente tudo isto se deve ao facto de o complexo ficar no "Gadan suburb", uma região que já mais se parece com as favelas de gers e barracas que circundam toda a cidade.


Enchemo-nos de coragem e atravessamos uma curta viela em terra batida pelo meio das mesmas, evitando uma volta muito maior pelas avenidas principais, e chegamos a uma zona antiga da cidade, a nordeste deste complexo, onde há vários templos antigos que é possível visitar, embora se encontrem bastante degradados.


Nos arredores da cidade, fica o mercado Naan Tuul, conhecido como "mercado negro". É um enorme mercado com partes cobertas e outras a céu aberto, onde se vende de tudo um pouco mas principalmente roupa, calçado e utensílios domésticos. Há uma pequena secção de memorabilia soviética, items religiosos e xamãnicos, ironicamente misturados nas mesmas bancas, que foi para mim a mais agradável. Contem com 45minutos a 1hora para lá chegar e outro tanto para regressar. Como praticamente não há táxis oficiais na cidade, o habitual é para um qualquer carro particular e tentar negociar  a viagem, que não deverá custar mais de 4 ou 5 mil tughriks (o carro todo, não por pessoa).




Quem estiver interessado, poderá ainda seguir caminho a partir daqui para a enorme estátua de Gengis Khan que foi recentemente construída já à chegada do Parque Nacional Gorki-Terelj. Uma outra ideia será parar lá a caminho do tal parque, o que se afigura como uma boa opção para quem quiser parar pouco tempo no país mas ainda assim experimentar pernoitar num ger e conhecer a estepe mongol.

Outro ponto de interesse nos arredores da cidade, é uma colina onde se situa um antigo monumento soviético comemorando a libertação do país que tem actualmente um buda em construção a seu lado. Dizem que as vistas sobre a cidade ao por do sol são bonitas, dependendo do grau de poluição e do smog. Como estava um frio de rachar - acho que me esqueci de mencionar que durante o dia as temperaturas oscilavam entre os -15º e os -18º - e um ar poluidíssimo, decidimos saltar. O nosso colega de viagem à Mongólia central, que reencontramos em Hong Kong, acabou por lá ir e voltou algo desiludido com as vistas.

Fechamos a nossa visita à cidade, e ao país, com um churrasco mongol e um passeio nocturno pela praça central. Gostávamos de ter assistido a uma actuação de canto típico mongol mas parece que fora da época alta é coisa rara, senão mesmo impossível de encontrar fora dos gers mais turísticos junto aos parques nacionais. Há uma academia na cidade que teoricamente tem espetáculos todo o ano mas nos vários dias em que estivemos na cidade não havia nenhum espetáculo agendado. Fica mais uma razão para voltar à Mongólia!