21/03/16

Amarapura e Sagaing


Inicialmente tinha planeado juntar Amarapura, Sagaing e Inwa (Ava) no mesmo post, uma vez que visitamos as 3 antigas capitais no mesmo dia. Contudo, por correr o risco de este se tornar demasiado extenso, optei por deixar Inwa para o próximo post sobre Myanmar.
Começo pelo meio de transporte escolhido para o dia: o taxi. É prática comum o aluguer de um taxi para o dia, com o objectivo de conhecer as 3 antigas capitais nos arredores de Mandalay. Os preços não variam muito (pediram-nos entre 25 a 30 USD), pelo que acabamos por escolher o simpático "Mr. Chief", que tinha o seu negócio em frente ao nosso hotel. Este acabou por aceitar o preço de 30 mil kyats (cerca de 22 euros), que subiu para 33 mil kyats (24 euros) quando lhe pedimos para nos levar ao Mahamuni Paya no início do dia (cuja visita já foi abordada no post anterior sobre Mandalay).

Assim, mal partimos de manhã cedo, ao saber da nossa nacionalidade, prontificou-se a falar de "Filipe de Brito" - referindo a Filipe de Brito de Nicote, o mais notório mercenário português na antiga Birmânia, figura importante no Reino de Arracão e que até chegou a ser "rei" de Sirião e Pegu (actual Bago). Prosseguiu dizendo-nos que apesar de ser budista, a sua esposa era bayingi, nome dado aos cristãos maioritariamente descentes de portugueses. Fez questão de nos mostrar que sabia benzer-se como um cristão uma vez que gostava de participar nos eventos religiosos e culturais dos bayingi, fazendo no entanto notar que o que mais o atraía era a gastronomia!

Após a visita do Mahamuni e das lojas de folha de ouro e artesãos já referidas no post anterior, seguiu-se o caminho para Amarapura. Esta antiga capital real, nos séculos XVIII e XIX, cujo nome signifca "Cidade da Imortalidade", ironicamente perdeu ao longo dos tempos praticamente todos os edifícios com importância histórica que lá existiram. Assim, hoje em dia os principais atractivos da mesma são a famosa ponte de teca de U Bein e os mosteiros budistas. Começamos precisamente por visitar os preparativos para um almoço dos monges, num grande complexo monástico - penso que o Mahar Gandar Yone. Já íamos alertados para a habitual enchente de turistas que chegam em autocarros para assistir a este momento e de facto lá estavam eles. Não se o "Mr. Chief" nos levou por uma entrada diferente ou se fomos nós que demos voltas desnecessárias mas o que é certo é que chegamos pelo lado oposto à multidão, onde não estavam mais de 5 pessoas a assistir. Por curiosidade, acabamos por dar um salto ao outro lado do edifício, onde havia uma pequena multidão a acotovelar-se para conseguir um melhor ângulo de visão.













Aqui, contrariamente à ronda das almas a que assistimos em Luang Prabang no Laos, são confeccionadas refeições no próprio mosteiro para os monges. No entanto, estes acabam por fazer igualmente uma fila para receberem os alimentos para o resto do dia. Segundo nos explicou o nosso taxista, os familiares e restantes crentes têm o dever de ofertar a alimentação não só aos monges mas também aos restantes familiares que lá se desloquem bem como a desconhecidos que por lá passem. Escusado será dizer que só soubemos disto após termos entrado, bastante intrigados, numa enorme sala com mesas baixas corridas, onde posteriormente chegaram dezenas de pessoas para almoçar. Fomos de imediato convidados para nos sentarmos à mesa com eles e como ninguém falava inglês, não conseguimos explicar-lhes que o nosso taxista estava à nossa espera. Lá acabamos por ter uma primeira grande experiência de hospitalidade birmanesa, tendo inclusive sido escolhidos os melhores pedaços de carne para os nossos pratos.

Após o almoço, visitamos uma loja de tecidos - Amarapura é famosa pela seda e pelo algodão - e partimos em direcção a Sagaing.



Esta foi capital do Reino de Sagaing no século XIV, que surgiu após a queda do Reino de Pagan (actual Bagan). Mais tarde, no século XVIII, viria a ser capital real por um breve período. Hoje em dia, é capital da região homónima, que fica do lado oposto do rio. 

A vista do lado de cá da ponta já indicia o que vamos ver: uma extensão de montes e planícies verdejantes pontuadas por imensas estupas douradas e templos. Certamente um dia seria insuficiente para conhecer todos os templos "maiores" de Sagaing, para os conhecer a todos talvez fossem precisos 2 ou 3 dias. Assim, tivemos que optar por dedicar algum tempo à imponente Sitagu International Buddhist Accademy, no sopé da colina, antes de subir à Sagaing Hill.








Após a subida à colina, a vista é impressionante. Iniciamos a visita ao U Min Thonze, onde podemos encontrar um terraço que dá acesso a uma arcada com inúmeros budas brancos e dourados em fila, contrapostos a placas com nomes de pessoas de todo o mundo e respectivos donativos. Subindo umas escadas exteriores, acedemos ao ponto mais alto do templo para contemplar tranquilamente as vistas, nomeadamente o a Academia Budista anteriormente referida.









Desde templo, seguimos o curto percurso até ao Soon U Ponya Shine, no topo da colina propriamente dita. Aqui as vistas são ainda melhores. O templo é maior que o anterior e faz de certa forma lembrar o templo no topo da Mandalay Hill, embora numa escala menor e com uma vista mais bonita.














No final de uma longa explicação acerca do budismo, com ênfase no Karma, por inciativa do "Mr. Chief", iniciamos a viagem em direcção a Inwa (Ava), cuja visita ficará para o próximo post. No final desta, volveríamos a Amarapura para conhecer então a ponte U Bein ao por do sol. 


Apesar da multidão que se adensa neste altura do dia, é ainda possível admirar sem grande incómodo o magnífico por do sol por detrás da ponte. Quem quiser, pode negociar um barco e "isolar-se" da multidão indo água adentro - mas preparem-se para abrir os cordões à bolsa porque estes tipos pedem preços exorbitantes e não estão dispostos a regatear por aí além.



10/03/16

Himara


Após uma revigorante estadia em Ksamil, iniciamos o percurso que serpenteia o sul da costa Albanesa, com destino a Himara, uma pequena mas simpática cidade piscatória.

Pelo caminho, repleto de vistas deslumbrantes, fizemos algumas paragens em praias desertas - sem ambicionarmos conhecer todas pois são imensas - e na baía de Porto Palemo.

Assim, a primeira paragem foi na praia de Bunec, cujo acesso não é mais do que um caminho de terra batida em mau estado. À chegada, há um pontão que separa uma pequena porção da praia descaracterizada da restante parte da mesma: uma infindável extensão de praia deserta no sopé das escarpas. O único "senão" que alguns poderão encontrar, é o facto de ser uma praia de pequenas pedras e não de areia.







Em Porto Palermo, as pedras são maiores e há um forte construído pelos Venezianos abandonado, infelizmente em mau estado de conservação. No entanto, a configuração da baía e a cor da água compensam tudo isto.



Mesmo ao chegar a Himara, a sul da cidade, há uma agradável praia relativamente isolada e com bons acessos, dispondo ainda de dois restaurantes com parque de estacionamento gratuito.


Himara em si, pode ser dividida em 3 partes: duas zonas de praia separadas e a norte das mesmas, num posto altaneiro, a parte antiga da cidade, com o que resta do seu castelo e mais pitoresca.





As praias são agradáveis, uma mais cuidada, a outra mais sossegada. De qualquer forma, quando nós fomos - em Junho - estavam ambas praticamente desertas. Himara tem uma importante percentagem da população de origem grega, o que se nota na língua e também na gastronomia local:


No cimo da colina, as ruínas do castelo e das antigas casas circundantes são agradáveis de se visitar e as vistas são fantásticas. Tenham atenção aos répteis, nomeadamente cobras (!): a Catarina encontrou duas na descida da mesma, encetando a fuga para deleite das crianças locais que aparentemente não estranham a presença das ditas.









Para terminar o post, uma obrigatória referência àquela que talvez seja a melhor praia desta região, a praia de Jala. Esta fica uns kms a norte de Himara e para além de muito sossegada, ainda não se encontra dominada pelo crescimento selvagem do cimento. A água cristalina azul clara não engana:)