22/10/15

Gjirokastra


Segunda maior cidade do país e cidade berço de Enver Hoxa, Gjirokastra ou Gjirokastër foi uma espécie de "sequência natural" a Berati. À semelhança desta, tem um centro histórico repleto de edifícios do período otomano e de ruas de paralelo. No entanto, estas não são tão estreitas e não apresentam um declive tão acentuado. Para além disto, as principais atracções são bastante próximas pelo que é fácil conhecer a cidade em pouco tempo. A única excepção, é o Kalaja ou castelo.





No coração da cidade encontra-se a Xhamia e Pazarit, ou mesquita do bazar, também conhecida simplesmente por mesquita de Gjirokastër. Construída no século XVIII, é a única do período otomano que sobreviveu ao período comunista, em que era utilizada como local de treino para trapezistas do circo. Nas suas imediações há hoje alguns cafés locais e a rua em direcção ao centro é onde se encontra a maior parte do comércio local do centro histórico. 



Para além do museu etnográfico, Gjirokastra tem vários exemplares mas todos eles privados. Alguns encontram-se abertos a turistas, com guia incluído no preço de 200lek ou 2€ (uma vez mais a "tal" conversão). Nós visitamos a casa Skenduli e gostamos do que vimos, embora algumas partes estivessem a precisar de um urgente restauro. Uma outra opção é a casa Zekate ou mesmo a casa onde nasceu Enver Hoxa.







Regressando às ruas mais centrais, é possível optar por dois locais com vistas soberbas sobre a cidade. Um deles, o mais óbvio, é de facto o castelo. O outro é uma plataforma onde se localizava uma estátua em honra de Hoxa mas que foi entretanto removida dando lugar a um bar com vista sobre a parte "nova" da cidade. 

Vista sobre a parte "nova" da cidade, com a dita plataforma na parte inferior
Esplanada à noite
Numa das principais ruas que lhe dá acesso, está o tranquilo restaurante Kuitjim, onde nos deliciamos com Qofta e Qifqi.


O castelo é diferente dos que já tínhamos visitados na Albânia. Sendo de construção - e expansão - recente, encontra-se melhor preservado na generalidade. Além disto, à entrada apresenta uma sucessão de baterias anti-aéreas e quem estiver disposto a pagar outro bilhete, pode ainda visitar o Museu Nacional de Armamento.


Logo após a entrada, encontra-se também o que restou de um avião espião americano abatido no período comunista. Durante este período, parte do castelo foi amplamente utilizada como prisão.


Um dos edifícios melhor preservados é a torre do relógio, que fica numa das zonas mais tranquilas e bonitas do castelo.




Não muito longe dali, encontra-se um palco onde tem lugar o festival de folclore de Gjirokastra próxima deste uma pequena sala onde se encontram alguns sarcófagos. 



Numa outra parte, há ainda 2 túmulos de líderes Bektashi, mesmo antes de chegar à saída. E claro, em vários pontos do castelo há pontos de observação com as tais vistas:





11/10/15

Contagem Decrescente: Myanmar

Templos de Bagan
Está quase aí a viagem que foi sendo adiada nos últimos anos: União de Myanmar, ex-Birmânia.
O plano já está praticamente todo definido há muito excepto a parte final do mesmo, que ficará em aberto:


Começaremos por Mandalay, segunda maior cidade e principal centro monástico do país. Após explorarmos as históricas cidades de Amarapura, Sagaing e Inwa (Ava) nas suas redondenzas, partiremos para a planície de Bagan, repleta de templos de um dos reinos mais prósperos da história do país. Da planície rumaremos ao lago Inle, numa região mais montanhosa e repleta de vida "flutuante". Prosseguindo caminho para sul, visitaremos a maior cidade e antiga capital, Yangon, antes de calcorrearmos as principais atracções dos estados do sul do país, com passagens por Bago (Pegu), Kyaiktyio, Hpa-An e Mawlamyine. O final da viagem será entretanto "desenhado" a partir das praias de Dawei, antiga Tavoy.

Lago Inle
Acompanhe o nosso dia a dia nesta viagem por este destino único muito em breve!

05/10/15

Nusa Lembongan & Ceningan

Mushroom Ba
Na costa sudeste de Bali existe um pequeno agrupamento de três ilhas que ainda vivem numa outra dimensão. A maior chama-se Nusa Penida e a mais pequena Nusa Ceningan, sendo a intermédia - em tamanho e localização - a mais popular e desenvolvida, a Nusa Lembongan. As duas últimas são ainda ligadas por uma estreita ponte.


As três são conhecidas pelos seus spots de mergulho e de snorkeling, havendo ainda lugar para o surf em algumas das suas praias. A maior parte dos alojamentos localizam-se na Nusa Lembongan, que é também onde vivem mais locais. Curiosamente, a Nusa Ceningan - a mais pequena - ainda tem alguns aglomerados populacionais enquanto que a maior, mas também mais árida, das três ilhas é praticamente deserta.

Chegar a estas ilhas a partir de Bali é relativamente fácil. Há múltiplas companhias que fazem o trajecto até lá. A maior parte delas saem da praia de Sanur mas não é incomum encontrar companhias que saem de outros pontos mais turísticos da ilha (porto de Benoa, por exemplo). Muitas companhias oferecem ainda o pick up noutros pontos da ilha e levam os turistas até Sanur. Nós fomos de autocarro da Perama de Ubud até Sanur e à chegada partilhamos um taxi até à Cemara Beach, onde se localizava o nosso hotel. A praia não sendo nada do outro mundo, tinha areia branca, água relativamente azul e poucos turistas, apesar dos vários resorts existentes na zona.

Quanto à viagem no dia seguinte para a Nusa Lembongan, pesquisamos várias companhias e acabamos por optar por uma das poucas que fazia o trajecto Bali - Lembongan - Gili - Lombok. Aqui a escolha não é fácil pois irão encontrar reviews medonhos de praticamente todas as companhias, muitos deles certamente infundados como viríamos a verificar nas nossas viagens. A empresa a quem contratamos o serviço foi a Ocean Star. Foi de facto esta que nos levou sem qualquer percalço na curta viagem de 45 minutos até Lembongan mas não é de todo raro as companhias transferirem os seus clientes para barcos de outras companhias "optimizando" a ocupação dos ditos. Há outras companhias que fazem a viagem para as Gili com paragem na Lembongan como a Scoot mas se forem só para a Lembongan o mais indicado será mesmo procurar uma companhia com melhor reputação como a Rocky Fast Cruise, que só faz este trajecto.


O desembarque na Lembongan é feito na Mushroom Bay, onde há uns 4 ou 5 hotéis e outros tantos restaurantes. Há umas duas pequenas lojas de conveniência e nenhuma ATM. Ficamos alojados na The Well House a menos de 50 metros da praia. A praia em si é muito bonita havendo no entanto algumas alturas do dia em que há vários barcos parados na mesma. É provavelmente a melhor praia para nadar uma vez que é pouco rochosa, protegida da ondulação e é possível nadar mesmo com a maré baixa.





Dream Beach é mais isolada - só tem uma opção de alojamento - e é mais vocacionada para surfistas, ao passo que a Sunset Beach (Sandy Bay Beach) tem um fundo rochoso que fica a descoberto quando a maré baixa. Uma outra opção válida mas também problemática com a maré baixa é Celagi Beach (Coconuts Beach), vizinha da Mushroom Bay. Todas estas praias encontram-se situadas na ponta sudoeste da ilha, sendo que a maior praia da mesma é a de Jungut Batu, principal povoado da ilha. No entanto, esta é dominada por plantações de algas e por muitos barcos de quem lá vive. Alguns dos melhores spots de snorkeling e mesmo de surf encontram-se ao largo desta zona, imediatamente após as plantações e barcos. 
Dream Beach
Dream Beach
Sunset Beach
Varanda do nosso Bungalow

Jardim da Well House
Também na ponta sudoeste da ilha encontra-se aquele que será provavelmente o melhor local para observar o pôr do Sol, o Devil's Tear - uma formação rochosa que separa a Dream Beach da Sunset Beach, onde os locais se juntam a beber Bintang sobre as escarpas.




Decidimos alugar uma scooter para um dos dias em que lá ficamos para percorrer toda a ilha e para conhecer a vizinha Ceningan. Como praticamente não há carros na ilha (esporadicamente vê-se um ou outro pequeno camião ou carrinha) e as motas não são assim tantas, a condução é tranquila apesar do mau estado do asfalto em muitas zonas (algo que se torna ainda mais problemático na Ceningan).

Fomos a Jungut Batu levantar dinheiro à única ATM disponível na ilha, passando pelo ponto mais alto da mesma onde é possível ver grande parte da mesma. 





Prosseguimos até ao nordeste da mesma, dominado por mangais, e descemos pela costa este até à "Lembogan Village" - Kawan, um outro povoado ainda mais pequeno. Pelo meio, fizemos o dito desvio até à Nusa Ceningan, onde pecorremos grande parte da ilha. O espaço entre as duas ilhas é pouco profundo e tem água azul clara cristalina, praticamente preenchida por plantações de algas, a principal actividade das ilhas (para além da "novidade" do turismo). Esta foi a forma que os locais arranjaram de se sustentarem antes da chegada do turismo, tendo aparentemente levado a uma significativa melhoria do nível de vida nestas ilhas onde não há água doce (apenas água ligeiramente salgada). Se a Nusa Lembongan é já contrastante com o relativo desenvolvimento de Bali, a Nusa Ceningan é ainda mais "primitiva".









Há alguns centros de mergulho na ilha, que organizam mergulhos em Lembongan mas acima de tudo na Nusa Penida. Dos dois existentes na Mushroom Bay, um já não tinha vagas e o outro - gerido por australianos - era bastante restrito no que diz respeito aos limites de profundidade permitidos. Uma vez que os preços não eram muito apelativos (50 USD por mergulho) e que não iria poder mergulhar à profundida necessária para ver o famoso mola-mola - nome dado pelos locais ao peixe lua - decidi ficar-me pelo snorkeling. Fomos 4 num barco (eu, a catarina e um casal de ingleses) e começamos a explorar as águas frias - sim, nestas ilhas a água é relativamente fria - da Lembongan e da Penida. Começamos por um coral ao largo de Jungut Batu, que com o céu limpo e relativamente pouca corrente foi o melhor sítio. Exploramos de seguida alguns locais ao largo da Penida, alguns deles com correntes alucinantes, e a Crystal Bay, onde em vão procuramos ver algum pequeno mola-mola que andasse perdido. Por fim, terminamos a viagem no Manta Point onde, como indica o nome, é onde passam mantas. Tivemos sorte e vimos meia dúzia delas, que passavam relativamente indiferentes por nós. Pena o mar estar um pouco mais agitado junto a esta zona de escarpas, o que impossibilitou um registo fotográfico minimamente representativo destes imponentes animais. Aqui arrependi-me de não ter reservado o mergulho com antecedência (os mergulhos no Manta Point e na Crystal Bay tendem a ficar preenchidos).






















À noite, a ilha é calma e a luz é pouca. Há um pequeno - e descaracterizado - bar de uma australiana na Mushroom Bay e dois restaurantes que ficam abertos até mais tarde (23h, entenda-se), pelo que aqueles que procuram uma "party island" se irão certamente sentir deslocados. Quanto a restaurantes, podem estar descansados que há de tudo um pouco e a comida é globalmente barata e de boa qualidade:







Por fim, o único mas importante problema da ilha: o lixo. Contrariamente a outras ilhas da região onde estivemos (como as Perhentian na Malásia ou as Gili ao largo de Lombok), os habitantes locais aparentemente não têm solução para a crescente quantidade de lixo produzido (em que o turismo tem uma importante fatia), muito menos sensibilidade ambiental para as consequências do mesmo e da forma como se "desfazem" dele. Assim, é infelizmente comum verem-se lixeiras um pouco por todo lado - incluindo ao lado dos hotéis. São diárias as queimadas de lixo - principalmente plástico - ao amanhecer e ao anoitecer, tornando o ar quase irrespirável em determinadas alturas. Os próprios mangais servem, na maré baixa, para "enterrar" lixo que muito provavelmente deixa de estar "escondido" quando a maré sobe e fica à deriva no mar. Claramente as autoridades de Bali têm que encontrar um solução rápida e eficaz para este problema, sob pena de assistirem à inexorável degradação destas paradisíacas ilhas e consequente desaparecimento do turismo nas mesmas - a principal esperança de um futuro melhor para os seus habitantes.

Apesar disto a nossa estadia foi memorável: foi provavelmente a ilha mais autêntica onde estivemos e para além de ser a nossa lua de mel, ainda foi lá que celebrei as minhas 30 primaveras com um jantar surpresa organizado pela Catarina com a ajuda do Ketut e seu staff: