25/06/16

Mingun (Min Kun)


Mingun é uma pequena localidade na região de Sagaing, nos arredores de Mandalay. Hoje uma pequena aldeia, é conhecida por ter sido o local eleito para a construção daquele que seria o maior templo budista do mundo, caso a sua construção tivesse sido terminada.

É relativamente fácil lá chegar e uma manhã é suficiente para conhecer a povoação (também não há outra opção uma vez que o último barco regressa relativamente cedo a Mandalay).

O barco parte pelas 9 da manhã de um cais que por si só é uma atracção: as pessoas, mercadorias e seus "residentes" ilustram a complicada vida do povo de Myanmar. O bilhete custou-nos, salvo erro, 5000 kyats por pessoa (ida e volta), o mesmo preço a pagar numa pequena banca à chegada pelo bilhete de visita a Mingun.





A povoação é fácil de conhecer a pé mas quem assim o desejar poderá alugar um pequeno "taxi" que o levará às principais atracções. 


A primeira com que nos deparamos é o Settawya Paya, um belo templo branco com uma escadaria da mesma cor, ladeada por leões, que dá acesso à margem do rio. Nas redondezas do mesmo encontramos ruínas caídas das redondezas aquando do terramoto de 1839.




Uns poucos metros mais à frente, encontramos do lado do rio o que resta de dois enormes elefantes de pedra, que deveriam proteger o Mingun Pahtodawgyi, o já mencionado templo inacabado. Este foi mandado erigir em 1790 mas a sua construção foi suspensa por alegadamente um astrólogo ter previsto que o rei faleceria aquando da conclusão do mesmo. Em 1839 um terramoto abalou a região e "arrumou" definitivamente o templo, danificando-o irreparavelmente e deixando à vista grandes fissuras que ainda hoje persistem. No interior do templo, apenas uma pequena sala com uma imagem de Buda.




É possível ainda assim subir ao topo do mesmo, por uma escadaria relativamente íngreme mas com corrimão. Não sendo a subida em si exigente, é de realçar que na parte final da mesma é necessário salta algumas destas fissuras para se conseguir chegar ao topo e às vistas fenomenais que este proporciona. Daqui é possível localizar as atracções que se seguem, como o velho sino onde os locais batem com uma trave de madeira enquanto outros se refugiam no seu interior.


Encontrarão ainda alguns jovens desejosos por praticar o seu inglês enquanto vos guiam pelo topo a troco de um pequeno contributo monetário. Na descida, sobressaem os paus de incenso espalhados um pouco por todo lado.



Após uma breve passagem pelo já referido sino, chegamos finalmente à última atracção que conseguimos visitar, o belíssimo Hsinphyumae Paya. Este é mais um templo branco precedido de uma escadaria. No entanto, este tem uma estrutura circular que contrasta com a quadrangular do primeiro. Outro aspecto que os distingue é a afluência de locais: ao passo que o primeiro se encontrava praticamente deserto, este é claramente o local de "eleição" dos locais para a suas preces.






Concluída a visita, tivemos tempo para descansar um pouco enquanto bebíamos algo à beira rio e regressamos ao barco, que ainda buzinou duas ou três vezes como que chamando alguns turísticas que acabariam por não regressar a tempo. Foi-nos ainda possível interagir com os locais que se entusiasmavam também aqui com a campanha eleitoral para as históricas eleições de novembro, bem como tirar algumas "selfies" com os mesmos. No regresso ao barco, tivemos ainda tempo de presenciar o que é uma constante em Myanmar: a ronda das almas das freiras.







Chegados a Mandalay, recorremos a um dos nossos meios de transporte preferidos e mais baratos: o moto-taxi. Duas scooters aceitaram levar-nos ao nosso hotel por 800kyats, menos de metade do preço de um taxi. Antes da partida para Bagan, despedimo-nos de Mandalay com um almoço numa típica "teahouse". Eu optei pelos deliciosos Shan Noodles, típicos de outra região do país mas cuja gastronomia se encontra bem representada na cidade, a Catarina por uma Paratha. Pagamos cerca de 2 euros por tudo, com chá incluido.




Vêmo-nos em Bagan!!!

03/06/16

Ava (Inwa)


No dia que visitamos Sagaing e Amarapura, fizemos ainda uma visita a Inwa, antiga Ava, que fora capital de vários reinos e que chegou a governar praticamente toda a actual Myanmar. O nosso taxista alertou-nos que iriamos encontrar "ancient times", palavras que em Myanmar têm um peso próprio. Este levou-nos até uma banca na margem do rio onde pagamos o bilhete para o barco que nos haveria de levar a até esta pérola esquecida por entre lama e vegetação.



Nesta região praticamente não há meios motorizados de transporte pelo que à chegada os turistas são acolhidos por pequenas carroças puxadas a cavalo. O preço é igualmente estabelecido para todos o que torna difícil regatear o mesmo, até porque geralmente o barco sai quando está cheio e como tal, praticamente todas as carroças são necessárias.



Iniciamos o nosso trajecto por caminhos enlameados chegando por fim a uma aslfatada. Pelo caminho foi-nos possível observar o modo de vida dos locais, essencialmente agricultura de subsistência com animais, principalmente vacas e porcos, nas bermas do caminho (as vacas presas com cordas). Paramos então no primeiro tempo, talvez o mais pequeno dos que visitamos, os Yadana Hsimi Paya. Este é composto por algumas estupas e um templo maior, em ruínas e tomado pela vegetação, onde se encontra uma bela estátua de Buda que aparenta já ter sido branca, antes do terramoto de 1839 que levou ao abandono da capital. A entrada é gratuita e a visita demora 20 a 30 minutos, com tempo para fotos.











Prosseguimos então para um dos pontos de interesse com entrada paga (e verificada) em Ava, o Bagaya Kyaung. Este é um antigo mosteiro budista construído em teca. Apesar de se encontrar razoavelmente bem preservado, o seu interior é relativamente pobre e especialmente escuro. É contudo um local tranquilo, onde poucos turistas entram ficando-se apenas pelo exterior. Para entrar é necessário o bilhete geral de Mandalay (onde só é necessário para visitar o Palácio Real).





Seguimos por uma zona diferente, composta praticamente por campos, vegetação densa e algumas estupas perdidas, outras em construção. Visitamos mais um agrupamento de estupas já em tijolo, este maior que o primeiro e ainda com alguns vestígios das camadas que o tempo levou.




E vimos várias recém construídas ou mesmo em construção:


Fizemos uma paragem para visitar a torre de Ava, que se encontra também ela em ruínas desde o terramoto e com alguns "remendos" que tentam impedir o seu desabamento. Por este motivo, não é possível subir à mesma.



Chegamos a nossa última paragem, o imponente Me Nu Ok Kyaung. Este antigo mosteiro de construção mais recente (1822), foi também danificado no já referido terramoto mas foi posteriormente reabilitado em 1873, encontrando-se em bom estado de conservação. É composto por 3 andares, sendo possível visitar os 2 inferiores. Este é o outro local onde vão precisar do bilhete de Mandalay, pelo que contrariamente ao que sugerem alguns guias de viagem, sugiro que o comprem pois irão perder este belíssimo mosteiro bem como o interessante Palácio Real em Mandalay.





Ainda nas redondezas deste, encontram-se várias estupas e o Lawka Tharahpu Paya e algumas vistas interessantes sobre Sagaing atrás da ponte Ava, escondida do outro lado do rio.



Cumprida a visita, regressamos ao local onde tínhamos começado e regressamos até à outra margem de barco. Descobrimos nessa altura que três dos passageiros do barco não quiseram pagar a carroça e tentaram descobrir o local a pé. Resultado: só conheceram um templo e a torre, tendo feito mais de metade do caminho descalços pela lama onde já tinham deixado os chinelos. À chegada ao barco, tinham lama até aos joelhos.

Adeus Ava!