À Descoberta de uma civilização Milenar...
República Popular da China, ou Império do meio como outrora fora conhecida entre os chineses, pois acreditavam estar no centro do mundo. A China é uma das mais antigas civilizações do mundo (os historiadores descobriram vestígios do sec. XVI a.c.) e acredita-se que teve origem na região do vale do rio Huang He (rio amarelo) onde várias populações organizavam-se nesta zona como "cidades estados".
A primeira Dinastia histórica foi a Shang e já possuíam sistema de escrita e calendário. Seguiram-se mais algumas Dinastias e foi no ano de 221 a.c., que a China foi unificada como um grande reino ou Império, através da imposição de um sistema de escrita comum pela dinastia Qin. A Dinastia Qin acabou também com os senhores feudais, implementado a criação de um poder centralizado e a adopção de uma doutrina baseada no confucionismo. O confucionismo é uma doutrina criada pelo pensador chinês Kung-Fu-Tzu. Uma das mais belas ideias do confucionismo é que a natureza humana é intrinsecamente boa, porém, é corrompida pelo uso indevido do poder.
Seguiram-se outras Dinastias até à invasão do Império mongol que dividiu o país em 12 províncias. Foi em 1368 que a Dinastia Mongol foi derrubada e expulsa pela resistência interna chinesa, e, esta assume o poder com o nome de Dinastia Ming, esta manteve-se até 1644. Durante este período houve uma expansão do território com a anexação da Indochina, Manchúria e Mongólia. Umas das causas da queda desta Dinastia foi a chegada dos povos europeus em 1516, nomeadamente os Portugueses. A Guerra do ópio foi um insólito na história da China onde este Estado passou a ser semi-colonial e semi-feudal. Foi também em 1644 que surgiu a dinastia Qing - a última dinastia imperial da China antes da Revolução Chinesa.
A revolução Chinesa pode ser divida em duas fases:
- o movimento nacionalista liderado pelo revolucionário chinês Sun Yat- Sen, muitas vezes referido como o Pai da Nação e que teve um papel fulcral na aniquilação da dinastia Qing em 1911. Em 1912 que a China é proclamada República da China;
- E a segunda fase com a Revolução Comunista de Outubro de 1949 concluída após a Guerra civil Chinesa onde o partido comunista alcança o poder, e Mao Tse-Tung, é declarado como líder supremo da República Popular da China e a até então República da China ficou confinada à ilha de Taiwan.
Com o início da Era de Mao Tse-tung são aplicadas um conjunto de reformas destacando-se a Revolução Cultural (1966-1976) em que se ambicionava renovar o espírito comunista por meios radicais. A nação, entretanto, afundou-se em medo, fome, caos e terror até 1976 com a morte de Mao.
Dois anos volvidos, Deng Xiaoping chega ao poder e dá início a uma maior abertura do país, implementando o socialismo de mercado e abrindo o país ao investimento estrangeiro. Este advogou a necessidade de uma maior liberdade de expressão e até mesmo de crítica aos erros do passado (de Mao, entenda-se), iniciando reformas com vista a uma democratização do país. No entanto, a revolta de Tiananmen em 1989, mesmo ano em que Deng abandonava o poder, viria a colocar um travão em todo o processo de democratização, levando os seus sucessores a consolidar o poder do partido e o controlo que este tem sobre os cidadãos.
Onde Ficar...
Sendo que três dias sabem a pouco em Pequim é útil ficar numa zona bem localizada da cidade para que não se perca (ainda mais tempo) em deslocações. Uma zona que recomendamos é a zona de Qianmen. Esta zona histórica recuperada tem uma boa oferta de restauração, comércio, e o mais importante próxima da Praça Tiananmen e do metro. Ficamos alojados no Hotel "The Emperor Beijing Qianmen" que tem bons quartos, um bom pequeno almoço e uma excelente piscina interior de água aquecida que usávamos antes do jantar. No entanto existem várias opções de alojamento nesta zona e em diferentes gamas de preços mas, não sendo nunca muito barata pois, é uma zona realmente boa.
A nossa chegada a Pequim...
A última etapa da nossa aventura transiberiana levou-nos a Pequim - a frenética capital da China onde residem cerca de 11 milhões de habitantes. Do nosso ponto de partida ao nosso ponto de chegada, de Ulan-Bator a Pequim, foram 29 horas de viagem. O tempo passou quase a voar, o corpo e a alma já estavam sintonizados numa vida passada sob carris. Ao amanhecer começamos a entrar nos arredores de Pequim e o que víamos pela janelas do comboio foi deveras impressionante: prédios, prédios, prédios, prédios. A China capitalista e ocidentalizada estava mesmo diante dos nossos olhos. Uma capital de contradições: uma cidade imperial preservada por um governo comunista, onde tradição e modernidade andam de mãos dadas.
No total foram três dias que passamos na cidade (sem contar com o dia da chegada e o dia da partida) onde fizemos largas dezenas de quilómetros: ora a pé ora de metro. Acordávamos cedo para aproveitar o dia que por sua vez também terminava cedo (muitas atracções fecham entre as 17 e as 18 horas). A maioria das atracções turísticas tem horário de Verão e horário de Inverno. Os chineses jantam cedo para os nossos padrões, sendo que a maioria dos restaurantes típicos às 20:30 já estavam a encerrar. O tempo ideal para conhecer os principais atrativos da cidade é de no mínimo de 3 dias.
A nossa sugestão para três dias é para pessoas que tenham um ritmo acelerado e que acordem cedo pois, são muitas coisas para fazer em pouco tempo. Se tiver mais dias para a cidade óptimo, poderá fazer tudo com mais calma e adicionar mais locais.
Dia 1: Praça Tiananmen + Cidade Proibida + Parque Beihai + Hutongs + Torre do Sino e Torre Tambor + Templo Lhama + Templo de Confúcio
Praça Tiananmen
A maior praça do mundo: Tiananmen ou praça da Porta da Paz Celestial localizada no centro de Pequim, em que em uma das suas arestas a norte tem a Cidade Proibida e na parte ocidental da praça o grande Palácio do Povo. Esta praça sempre serviu de palco para grandes eventos da China Comunista e foi também palco do massacre de 4 de Junho na revolta estudantil em oposição ao governo Comunista.
Cidade Proibida
Uma das maiores e mais visitadas atrações da China. Durante quase cinco séculos foi utilizada como residência dos imperadores da Dinastia Ming e Qing. O nome de Cidade Proibida nasceu pelo facto de apenas a família imperial e os seus serviçais poderem entrar e utilizar o conjunto de complexos do Palácio. Qualquer outra pessoa que se atrevesse a cruzar os seus portões sem autorização era sujeita a uma execução sumária. É necessário ir com tempo e paciência, pois a quantidade de pessoas que visitam o conjunto de palácios é enorme. Na entrada pode-se alugar um audio-guide que existe em várias línguas incluindo o português.
Parque Beihai
Um dos mais agradáveis parques que visitamos na muitíssimo poluída Pequim. Estando na cidade Proibida, este jardim Imperial situa-se a noroeste da mesma, ficando a entrada a escassos minutos da saída da primeira. Para além dos belos jardins, existe um lago que dá nome ao parque, pinturas e arcos que acabam por tornar a ida ao parque numa visita cultural. A paredes dos nove dragões é uma das zonas mais famosas do parque mas o atractivo de maior destaque é mesmo o templo Miaoying ou simplesmente Pagode Branco que se ergue no topo da mais alta colina do parque. É imperdível um passeio nos típicos barcos que existem neste parque.
Hutongs
Outra grande atracção de Pequim são os hutongs, a alma da Pequim antiga, que não é nada mais do que estreitas ruelas com habitações de outrora e que compõem os muitos bairros da cidade. Todas as casas possuem um pequeno pátio interior (
siheyan) e as casas de banho só existem em algumas ruas e são públicas. Alguns dos hutongs mais conhecidos são os
Quianliang, Wudaoying e
Dongsi Batiao , entre outros. A noite traz vida aos hutongs mais turísticos havendo uma grande afluência a bares e restaurantes.
Torre do Sino e Torre Tambor
Outrora estas duas torres, que distam a 100 metros uma da outra, marcavam o ritmo da cidade: Enquanto o sino anunciava o amanhecer o tambor anunciava o fim do dia. Do topo das torres consegue-se ter uma boa vista para a cidade. Na torre do sino permite uma panorâmica de 360º, ao passo que na torre do tambor, a primeira se vierem da rua principal, só é permitida a visita a umas das varandas.
Templo Lhama
Um conhecido Templo que já foi residência do Imperador e que se converteu num complexo de Budismo Tibetano. Conhecido também como "Palácio da Paz e Harmonia" possui cinco salões principais onde é possível ver várias estátuas de Buda, sendo a mais impressionante a estátua de Buda esculpida num único bloco de sândalo. A anexação e perseguição de monges tibetanos por parte da China torna este lugar ainda mais peculiar. A estação de metro
Beixinqiao (linha 5) fica mesmo ao lado do templo.
Templo de Confúcio
É o segundo maior templo Confucionista do país e situa-se junto ao Templo Lhama. Foi edificado em 1302. Na sua direita existe o colégio Imperial utilizado pelo Imperador para ensinar aos estudantes os clássicos confucionistas. Na actualidade foi reconvertido num museu e podemos entrar em ambos com o mesmo bilhete.
Dia 2: Grande Muralha da China + Avenida Wangfujing + Mercado Nocturno de Donghuamen
Grande Muralha da China
O grande ex-libris de toda a China que não precisa de grandes apresentações, sendo uma das mais belas construções da humanidade. De Pequim é possível visitar diferentes secções da muralha que se encontram também com diferentes tipos de conservação. É possível ir de transportes públicos para algumas secções, alugar um carro ou comprar simplesmente uma tour. O nosso conselho é que estude as várias secções para que escolha a(s) que vão ao encontro do que pretende ver. Alguma referências de secções são:
- Badaling: É uma secção recuperada da muralha com vistas muito belas mas, muito visitada pelos turistas chineses perdendo-se um pouco da magia do local. Existe teleférico e acesso para cadeiras de rodas. Fica a 72 quilómetros de Pequim e é possível ir de transportes públicos:
- Comboio: Ir para a estação "Huangtudian Railway Station" e sair na "Badaling Railway". Depois segue-se uma caminhada de 20 minutos até à entrada da muralha.
- Autocarro: Na Quianmen Arrow Tower apanhar o "Tourist Bus Line 1" ou apanhar o autocarro 877 na estação "Deshengmen".
- Mutianyu: Trecho mais visitado por turistas ocidentais, ficando a apenas 73 quilómetros de Pequim, é uma boa hipótese para quem pretende ter vistas memoráveis da muralha; De transportes públicos apanhar o autocarro 916 Express na estação de "Dongzhimen" e sair na estação de "Huairou Beidajie Station". De seguida apanhar um deste autocarros (h23, h24, h35) e sair na estação de "Mutianyu Roundabout" e caminhar de 10 minutos até à bilheteira.
- Jiankou: Perfeita para verdadeiros descobridores é uma zona não restaurada e muito íngreme da muralha. Localizada a 100 quilómetros de Pequim;
- Jinshanling: Considerada por muitos a secção mais bonita da muralha. Fica a 154 quilómetros de Pequim;
- Juyongguan: Localizada num dos mais famosos passos de montanha atravessados pela muralha, é uma secção restaurada, com poucos visitantes, situada uns quilómetros antes de Badaling.
Avenida Wangfujing
Localizada no coração de Dongcheng é uma das maiores avenidas de compras de Pequim.
Mercado Nocturno de Donghuamen
Na transversal da Avenida de Wangfujing fica o mercado nocturno de comidas. Os preços são muito altos, pois é um mercado para turistas, mas vale a pena lá passar para ver a enorme quantidade de pessoas que lá anda e provar um ou outro petisco.
Dia 3: Palácio de Verão + Qianmen + Templo do Céu + Pearl Market (Hongqiao Market)
Palácio de Verão
Mais um monunental jardim Imperial, com Palácio, pagodes e o lago Kunming de fundo, que serviu durante décadas de residência de férias ao Imperador. Localiza-se a noroeste dos subúrbios de Pequim pelo que é necessário reservar uma manhã para a sua visita. No Verão é um excelente local para fazer uma refeição ao ar livre como muitas famílias chinesas também o fazem. Devido às dimensões do parque é boa ideia trazer um mapa em formato digital ou imprimido. Uma forma rápida e económica de lá chegar é apanhando a linha 4 do metro e sair na estação "
Beigongmen". Depois basta seguir o fluxo de turistas e chineses e em poucos minutos estamos no Palácio.
Qianmen
Uma zona de antigos hutgons recuperados, que se converteu num local de compras, restauração e alojamento, bastante conhecido devido à proximidade com a Praça de
Tiananmen (10 minutos a pé). Vários restaurante da rua principal de Qianmen tem um ar bastante ocidentalizado e muitos chegam a ter uma televisão cá fora com imagens em directo da cozinha para encorajar os turistas a entrar. Contaram-nos que foi uma imposição do governo. O grande petisco da zona é a tripa de vaca e borrego e o famoso pato. Saindo das ruas principais e indo em direcção aos hutongs antigos ainda não recuperados encontramos (e provamos) a verdadeira comida chinesa a preços bem mais baixos. Uma ressalva é que é possível comprar a bebida no supermercado e levar para os restaurantes poupando assim uns euros.
Templo do Céu
Situado a cerca de 5 quilómetros a sul da Cidade Proibida, o Templo do Céu ou Parque do Templo Celeste é um conjunto de edifícios cerimoniais inserido no parque de Tian Tan. Diz a história que era um local de refúgio do Imperador onde o mesmo prestava culto ao céu. Lá podemos encontrar o palácio da oração pelas boas colheitas, um edifício construído todo em madeira, com a particularidade de não ter sido utilizado um único prego. É necessário umas três horas para explorar o local e os seus jardins. É possível ver vários idosos a jogar ou a fazer exercício.
A estação de metro mais próxima do templo é a "
Tiantandongmen" que pertence à linha 5.
Pearl Market (Hongqiao Market)
Grande mercado de falsificações onde se compra de tudo um pouco. A venda é um pouco agressiva mas, com paciência é possível fazer boas compras. Tem uma boa praça de alimentação a preços razoáveis. Muito próximo do Templo do Céu.