Quando ir?
A melhor altura para visitar a Albânia (e os Balcãs em geral) é o final da Primavera: temperaturas agradáveis mas não extremas, bom tempo (muito sol, pouca chuva) e ainda com alguma neve nos picos mais altos. É também uma altura em que praticamente não há turistas, pelo que as praias estão desertas e os alojamentos mais baratos.
No entanto, é possível visitar o país em qualquer altura do ano. Convém ter em conta que as regiões mais interiores do norte e centro do país são montanhosas, pelo que no inverno é de esperar muita neve e estradas cortadas.
Como chegar?
Este é um dos maiores obstáculos na hora de visitar o país. O ideal é integrar o mesmo num roteiro com outros países balcânicos mais acessíveis. Caso contrário, o melhor é mesmo voar para Milão por uma companhia low-cost e de lá para Tirana noutra (a italiana Blue Panorama, por exemplo).
Para quem entrar por terra, há 5 pontos convenientes consoante a proveniência:
- Noroeste: Ulcinj no Montenegro fica mesmo ao lado de Shkodra, a maior cidade albanesa do norte do país. O próprio lago homónimo é dividido pela fronteira. O posto fronteiriço albanês situa-se em Muriqan;
- Nordeste: há vários postos fronteiriços entre a Albânia e o Kosovo, sendo o principal - que dá acesso mais directo a Prizren - localizado em Morinë;
- Leste: quem vem (ou vai para) do lago Ohrid, também ele divido entre Albânia e Macedónia, a entrada é feita por Pogradec. Embora o posto "principal" seja através de Struga, recomendo a ida pelo outro lado do lago até ao Sveti Naum e de lá para a fronteira, em Tushmish. Preparem-se para caminhar até lá, depois deverão existir um ou dois táxis prontos a levar quem não quiser caminhar até Pogradec. Daí há mini-bus para Tirana, que demora umas 4h;
- Sudoeste: na região da cidade de Korcë é possível atravessar para a Grécia, em Kapshticë;
- Sul: a partir de Saranda ou da região a sul (Ksamil, Butrint, etc) é possível atravessar em Kakavijë.
Por fim, é ainda possível entrar no país de comboio (penso que a única ligação internacional ainda activa é a que liga Shkodra a Podgorica, no Montenegro) e de barco, seja a partir do sul de Itália, seja a partir da ilha grega de Corfu, que fica mesmo em frente Ksamil.
Cuidados de Saúde e Segurança
Os cuidados de saúde a ter são os habituais para qualquer destino europeu, devendo ainda ser prestada particular atenção à água (só engarrafada, não beber água da torneira). Convém ainda ter o PNV em dia e as habituais precauções com animais, especialmente cães e morcegos, pelo risco de contrair raiva. A rubéola é outra preocupação, uma vez que a doença ainda é relativamente comum no país.
No que concerne à segurança, irão ler alertas do mais assustador possível relativamente ao país, principalmente ao Norte. Sinceramente não achamos o país nada inseguro, o povo é bastante afável e as pessoas estarão quase sempre dispostas a ajudar. Acho que foi mesmo no Norte onde encontramos as pessoas mais simpáticas e o maior perigo que encontram os foram mesmo os condutores albaneses. Provavelmente a "má fama" da região prende-se com o tráfico (de drogas, pessoas e orgãos) que ocorreu durante a guerra do Kosovo (pois os rebeldes/terroristas kosovares refugiavam-se nesta zona) bem como com o inerente proliferar de armas de fogo. Ironicamente, foi precisamente o "grande aliado" albanês (EUA) que deram má fama à região com múltiplos avisos descabidos e exagerados sobre a região, quando em boa verdade geralmente eram soldados americanos estacionados na região que, embriagados, armavam confusão (e acreditem que não é boa ideia armar confusão na Albânia ou em qualquer outro país do leste europeu).
Moeda/Preços
A Albânia usa o Lek como divisa. À data deste post, 1 euro equivale a 133 Leks. Tendo já estado na Albânia em duas alturas diferentes, li sempre alertas sobre "esquemas" nos preços e/ou trocos com leks antigos (que valiam muito menos). No entanto, na prática nunca encontrei preços afixados com esse intuito, muito menos notas antigas no troco (só as vi à venda como souvenir como em tantos outros países). No que aos preços diz respeito, a Albânia é um país barato mesmo quando comparado com a maior parte dos países vizinhos.
Os alojamentos são relativamente baratos e simples. A alimentação é barata, mesmo na capital um prato num restaurante de gama média deverá custar uns 3 a 5 euros. Uma cerveja local de 0.5L custa cerca 1 euro, se for num supermercado ou loja de conveniência menos ainda.
Transportes
A meu ver, o mais "difícil" numa visita à Albânia. Os transportes públicos na Albânia são francamente maus e/ou perigosos. Os comboios estão praticamente desactivados, são muito lentos e muito pouco frequentes. Autocarros de longo curso são também eles raros, sendo que dentro do país as pessoas recorrem aos "mini-bus", que na maior parte das vezes são carrinhas 9 a 12 lugares sobrelotadas, com paragens constantes (recolhem e deixam passageiros em qualquer ponto do percurso) e só arrancam quando estão praticamente cheios. Para além disto, os condutores albaneses são os piores que encontramos em toda a Europa e os dos ditos mini-bus parecem esmerar-se: sempre prontos a ultrapassar, mesmo em curvas sem visibilidade ou com trânsito no sentido contrário.
Posto isto, o mal menor no meio disto tudo é alugar um carro e praticar uma condução defensiva. A imensidão de placas nas bermas das estradas fazem questão de nos relembrar o perigo. Praticamente não autoestradas, exceptuando a SH2 que liga Tirana a Durres e partes da SH1, que liga Tirana ao norte. E mesmo estes trechos de autoestrada são significativamente diferentes de todas as autoestradas europeias: há rotundas, é possível inverter a marcha em muitos lugares e os cruzamentos são mesmo isso, cruzamentos. Escusado será dizer que os aceleras albaneses - geralmente em Mercedes ou BMW's - "adoram" dar asas à insanidade nestas vias rápidas recém-descobertas por aquelas bandas.
Por fim, ter em conta que algumas estradas da regiões montanhosas do Norte são impraticáveis sem 4x4 (estrada para Thethi, por exemplo) e no Inverno intransitáveis.
Comunicações
Nas principais cidades a cobertura de rede de telemóvel é boa e a internet relativamente rápida. Já nas zonas rurais, há extensas áreas sem cobertura e a internet torna-se cada vez mais rara e lenta.
Principais Destinos a Visitar
Tirana - relato aqui
A capital da Albânia não tem muitos atractivos, à semelhança de outras capitais dos balcãs. No entanto, é uma das cidades mais diversas da região uma vez que nos últimos dois séculos foi primeiro ocupada pelo império Otomano, depois pela Itália fascista de Mussolini e por fim passou por um longo período, qual Coreia do Norte europeia, isolada do resto do mundo sob o jugo de Enver Hoxa, o ditador comunista paranóide que não só fez frente a meio mundo como mandou construir milhares bunkers por todo o país (os números são díspares e incertos, variando de 170 mil a mais de 700 mil).
Kruja - relato aqui
A fortaleza de Kruja é o atractivo mais próximo da capital ficando sensivelmente à mesma distância do seu aeroporto, pelo que será uma boa opção para o início ou final da viagem. Para além da fortaleza, há um museu dedicado ao herói tradicional Skenderberg e um pequeno bazar recentemente restaurado e em constante expansão. As vistas também são muito boas, especialmente ao por do sol.
A "capital" do norte da Albânia é uma cidade interessante e que evoluiu bastante nos últimos anos. A mesquita e a principal rua pedonal da cidade são os principais atractivos no centro da cidade mas esta não se fica por aqui: o lago homónimo partilhado com o Montenegro, o seu castelo e a mesquita "de chumbo", como é conhecida, foram para nós os locais mais interessantes.
Lago Koman - relato aqui
Uma barragem deu origem a um lago artificial que proporciona hoje em dia uma das mais belas (e das mais baratas) viagens de barco da europa. O ferry é ainda uma excelente alternativa às estradas que serpenteiam os alpes do norte do país.
Alpes Dináricos (Valbona e Thethi) - relato aqui
Os Alpes Dináricos deveriam ser uma das prioridades para quem visita o país. Montanhas delimitam vales verdejantes onde poucos turistas chegam, pelo que o local se mantém inalterado. Esta região - maioritariamente católica num país muçulmano - é provavelmente a mais bela do país, mas também a mais difícil de aceder. O vale de Valbona é acessível a qualquer carro (desde que o clima o permita), ao passo que o de Theti - embora mais próximo da costa - é mais isolado. É possível caminhar de um até ao outro mas preparem-se para um dia inteiro de caminhada e certifiquem-se que todo o caminho está transitável (por causa da neve e do gelo que teimam em persistir até Maio/Junho).
Berati - relato aqui
Berati é uma das duas cidades "otomanas" melhor preservadas no país. O casario em ambas margens do rio merece uma visita, tal como o seu castelo. Já a parte "nova" da cidade, embora sem grandes atractivos é excelente para se ter uma ideia do ambiente "estudantil" no país.
Gjirokastra - relato aqui
Outra cidade que preserva bem a arquitectura otomana e que é a terra natal de Enver Hoxha. Diferente de Berati, requer menos tempo para ser visitada e contrariamente à anterior, não tem qualquer ponto de interesse na parte nova. Em sentido contrário, tem uma fortaleza relativamente bem preservada com um avião espião americano em exposição (onde é que já vi algo similar?) e várias baterias anti-aéreas que servem se estímulo aos mui nacionalistas albaneses.
Syri i Kaltër - relato aqui
Um pequeno "olho azul" - isto é, uma nascente de água cristalina que para os mais pareidólicos se assemelha a um olho azul - dá origem a um pequeno parque natural que rapidamente nos leva a esquecer que estamos na Europa. Tem um restaurante na margem que sinceramente merecia estar em melhores condições e acima de tudo melhor gerido. É perfeitamente possível visitar o mesmo no caminho de Girokastra para Saranda ou Ksamil.
Ksamil e Butrint - relato aqui
Ksamil é uma pequena vila piscatória no extremo sul da Albânia. As fantásticas praias da região foram infelizmente alvo da ausência de qualquer planeamento do território que afecta quase todo o país, pelo que a vila em si contrasta com as praias (não há outra forma de o dizer: é feia) e as próprias praias são divididas pelas diferentes concessões com pontões de betão. Um pouco mais a sul, as ruínas romanas de Butrint servem para entreter uma tarde mas não são imperdíveis.
Himara - relato aqui
Outra região de praia na "Riviera Albanesa" é Himara, que tem ainda a peculiaridade de ser provavelmente a cidade "mais grega" da Albânia, o que é notório quer na gastronomia local, quer pela presença de igrejas ortodoxas em vez de mesquitas. A cidade tem duas praias mas as melhores ficam fora da cidade (Jala vale muito a pena, já Porto Palermo é uma desilusão).
Dhermi - relato aqui
Esta região conta com uma enorme extensão de praias, umas mais turísticas do que outras. A praia de Drymades fica a norte da povoação de Dhermi e é menos turística que esta última. Os acessos são também piores, assim como as infra-estruturas que lá se encontram. No entanto, encontra-se, pelo menos para já, a salvo do "desordenamento urbano" que afecta o país em geral. Há, tal como em toda a "riviera", várias praias desertas a sul (em direcção a Himara). A norte, começa o parque nacional de Llogara, que separa a região de Vlore.
Korcë
Esta cidade do sudeste albanês é extremamente importante para os cristãos do país uma vez que é a sede da igreja ortodoxa albanesa, numa região onde esta corrente do cristianismo é dominante mas onde também existem católicos e muçulmanos de vários correntes, principalmente Bektashi (corrente autóctone) e Sunitas. É uma boa opção para quem pretender fazer uma paragem a caminho ou vindo dos lagos Ohrid e Bitola, bem como para aceder à Macedónia ou região homónima da Grécia.
Ohrid
Fantástico lago no leste do país, rodeado de picos cobertos de neve e múltiplas igrejas e mosteiros ortodoxos. Conhecemos os dois lados da fronteira (que o divide entre Albânia e Macedónia) e recomendamos vivamente a estadia na cidade de Ohrid propriamente dita, na ex-república jugoslava.
Ohrid
Fantástico lago no leste do país, rodeado de picos cobertos de neve e múltiplas igrejas e mosteiros ortodoxos. Conhecemos os dois lados da fronteira (que o divide entre Albânia e Macedónia) e recomendamos vivamente a estadia na cidade de Ohrid propriamente dita, na ex-república jugoslava.
Roteiro sugerido
Quem dedicar uns 10 a 12 dias ao país poderá optar por um percurso similar ao descrito no mapa. Tanto podem iniciar em Tirana como em Kruja, como podem até deixar as duas para o fim, como nós fizemos pois optamos por seguir directamente para o Kosovo. Evitem cidades como Saranda, Durres ou Vlore, pois foram completamente destruídas pelo turismo em massa e pela construção desenfreada e desordenada (embora a sul de Vlore a costa seja relativamente interessante). O caminho para Valbona é bastante mais simpático pelo Kosovo e Prizren encaixa neste roteiro que nem uma luva. Já Korce fica bem longe deste roteiro, pelo que só me parece justificar-se a visita se esta se enquadrar numa viagem ao lago Ohrid ou ao Bitola.
Já se a visita for enquadrada num inter-rail ou numa viagem por múltiplos países e o tempo for escasso, então aconselho vivamente que utilizem o país como "passagem" entre Montenegro e Macedónia (parando por exemplo em Shkodra, Tirana e Korce a caminho do lago Ohrid) ou entre o Montenegro e o Kosovo (passando por Shkoder e seguindo pelos alpes, eventualmente com um pequeno desvio a Tirana ou uma paragem em Kruja).