19/11/16

Listvyanka


Listvyanka situa-se nas margens do Lago Baikal e é uma pequena aldeia de fácil acesso a partir da cidade de Irkutsk. A grande atracção é o grandioso Lago Baikal, que é a maior reserva de água doce do planeta (contém 20% da água doce não congelada). Para além do seu tamanho é conhecido pelas suas águas cristalinas e também pela sua incrível profundidade, atingindo em algumas zonas os 1680 metros.  A imensidão de água é tal que muitas vezes confunde-se com o mar. As montanhas que circundam o lago, com os seus picos cobertos de neve, são um ponto extra de beleza da região. 

A fauna do lago é também bastante rica tendo mais de 800 espécies de animais nativos. Algumas espécies que habitam este lago são bastante famosas e populares entre os locais estando algumas em vias de extinção devido à pesca abusiva, como são exemplo o esturjão e o Omul. O esturjão é procurado pelas suas ovas (o conhecido caviar) e o Omul é um familiar do salmão e é um dos peixes mais apreciados em toda a Rússia, sendo a espécie mais comum no Lago Baikal.

Chegamos a Irkutsk vindos de Krasnoyarsk num comboio noturno que teve a duração de 18 horas. Seguimos imediatanente para a vila de Listvyanka deixando a cidade de Irkutsk para explorar mais tarde. Para aqueles que cheguem de comboio a forma mais ecónomica de seguir para Listvyanka é apanharem o tram número 1, mesmo em frente à estação de comboios, em direcção à central de camionagem norte. Uma vez lá basta adquirir um bilhete com o valor de 111 rublos. A viagem foi feita de mini-bus e teve a duração de 1 hora. Para quem tenha menos tempo ou não queira ficar alojado em Listvyanka é possível organizar day trips a partir de Irkutsk.

Em Listvyanka as actividades turísticas são muito diversificadas e sempre dependentes da estação do ano. No Verão e Primavera muitos turistas e locais aproveitam para banharem-se no lago, realizarem passeios de barco ou até mesmo mergulho. No Inverno o lago congela ganhando um encanto extra transformando-se num enorme ringue de patinagem onde também é possível andar de trenó puxado por cães ou no "hydrofoil", uma espécie de veículo anfíbio similar a um "hovercraft". Há ainda várias estâncias de desportos de inverno nas margens do lago.

Como fomos em Outubro, mês de viragem de estação, as possibilidades eram reduzidas pelo que acabamos por dedicar mais tempo a Listvyanka e aproveitamos também para descansar no nosso chalet de montanha. Assim, acabamos por trocar a ida à ilha Olkhon por um simples passeio de barco no lago, com passagens pela pedra dos xamãs, Port Baikal e terminando nos carris do velhinho "circum-Baikal", que também se encontrava inactivo (embora seja possível apanhar o comboio regional nos mesmos com partida de Slyudyanka, existindo também o percurso inverso mas que se realiza no período nocturno). Quanto à ilha, quem estiver interessado ir até lá de autocarro a partir de Irkutsk.












































Na longa marginal de Listvyanka, que demora cerca de 1 hora a ser percorrida em passo acelerado, há vários agrupamentos de casinhas de madeira - umas melhor conservadas do que outras - mas no geral é um sítio bem desordenado, com construção algo anárquica.  No centro existe também um mercado local que vende algumas comidas entre elas o famoso Omul.





A meio caminho vindos do centro turístico existe uma igreja e o auto-intitulado "Retro Park", que junta carros antigos a todo o tipo de quinquilharias. Este cobra um bilhete de entrada mas na realidade é possível dar uma boa espreitadela de fora do portão.










No extremo oposto da marginal, junto ao reservatório de Irkutsk, há 2 caminhos distintos que levam ao miradouro no cimo do monte. A vista é soberba mas o caminho mais próximo da aldeia, que foi o que escolhemos para subir, é mais íngreme e boa parte dele em terra, com direito à subida de uma pista de esqui com cerca de 700m.




No Inverno é possível fazer esta parte nas telecadeiras da estância. Uma boa forma de terminar o dia é ir à "banya" (sauna russa). Existem ainda uns pequenos "tanques" com focas endémicas do Baikal em exposição mas após vermos algumas fotos do mesmo ficamos algo revoltados com as míseras condições em que estas são mantidas, pelo que desaconselhamos a visita. Quem desejar ver as mesmas no seu habitat natural, terá que se deslocar à parte norte do lago, demorando vários dias a lá chegar. Por fim, há ainda o Great Baikal Trail, um percurso de trekking criado por ecologistas da região que se propõem a cobrir todo o perímetro do lago no futuro.



Para quem tempo mais limitado é possível visitar a cidade num dia, para quem tem mais algum tempo e pretende descansar um pouco, 2 ou 3 dias será o tempo ideal.

17/11/16

Um país "diferente"


Depois de um afastamento "forçado" do nosso Mochileta, partilhamos convosco uma pequena selecção de fotos do país mais "diferente" onde já estivemos, a República Popular Democrática da Coreia.












07/11/16

Krasnoyarsk

Krasnoyarsk foi a segunda e última paragem escolhida na longa travessia da Sibéria, em detrimento da sua capital Novosibirsk. Sabíamos de antemão que ambas tinham pouco a oferecer, sendo essencialmente cidades industriais. Uma vez que havíamos parado em Omsk, achamos que seria mais equilibrado partir a viagem neste cidade. Caso tivéssemos optado por Perm em vez de Omsk, faria mais sentido para em Novosibirsk.

À chegada um simpático senhor russo que tirava fotos à estação informou-nos que o autocarro 64 parava mesmo na nossa rua. O bilhete custou 22 rublos mas por qualquer motivo a cobradora de bilhetes decidiu cobrar-nos mais dois bilhetes por causa das mochilas, algo que jamais nos aconteceu na Rússia. No entanto, se quiserem ir para o centro há muitos mais autocarros uma vez que a avenida que passa em frente à estação segue directamente até lá.

O centro da cidade é fácil de percorrer a pé embora com as temperaturas gélidas que se faziam sentir tenhamos cedido à tentação de apanhar alguns autocarros para deslocações maiores ao princípio e final do dia. A cidade carece de uma praça central sendo que as principais referências são, como em quase todas as cidades russas por onde passamos, as ruas Karla Marksa e Lenina.


Bem no centro da cidade há uma pequena igreja que também ajuda na orientação, a Igreja da Anunciação. Há mais algumas igrejas espalhadas pela cidade e uma torre no cimo de uma colina, onde diariamente é disparada uma salva de canhão pelo meio dia, se não estou em erro. 


Sabendo que não haviam grandes atractivos, decidimos caminhar até às margens do rio e daí apreciar as vistas enquanto caminhamos até ao estranho museu de história, facilmente identificável pelos motivos da antiga civilização egípcia que o ornamentam no exterior. 

Uns metros à frente encontram-se algumas monstruosidades soviéticas, como o teatro, alguns edifícios governamentais e hotéis. Prosseguindo a caminhada junto ao rio, chega-se a um parque onde se encontram múltiplas diversões, incluindo uma réplica em miniatura dos mais modernos comboios russos para entreter as crianças. 

Atravessamos o mesmo e como o frio já alertava há algum tempo decidimos apanhar um autocarro e regressar ao hostel. Ficamos no Hovel Hostel e recomendamos: é relativamente barato, limpo e moderno. A vista da sala é agradável, com uma pequena estátua de Lenine sentado e contemplativo ao invés da habitual pose autoritária "escondida" entre dois edifícios de madeira.

O único dia completo que reservamos para a Krasnoyarsk tinha por objectivo visitar a reserva natural que começa nos subúrbios da cidade, commumente conhecida como Stolby devido às formações rochosas que são a sua imagem de marca. Há teoricamente duas formas para lá chegar, sendo que a primeira - uma subida íngreme de 2km pela berma da estrada até à entrada do parque - estava automaticamente excluída. A alternativa seriam as telecadeiras da estância de ski local, a Bobrovy Log, que nos levariam a uma outra entrada do parque. E digo levariam porque quando lá chegámos, embora tudo estivesse estranhamente operacional (não havia neve suficiente nas pistas), não nos deixaram sequer comprar bilhete, muito menos subir. Tivemos que abortar o plano e contentamo-nos com um café com vista para as montanhas. Falta mencionar que das entradas da reserva até às primeiras rochas são 5 a 7km de caminhada, dependendo da entrada escolhida. Para quem estiver interessado, deixo-vos as indicações que nos forneceram no Hostel.


Quando voltamos à cidade, fomos à estação de comboios tentar, sem sucesso, trocar os nossos lugares no comboio. Regressamos à base, reabastecemos para o dia seguinte e dedicamos algum tempo ao blog até à hora de jantar. Termino o post com uma menção ao restaurante/bar Bulgakov que é bastante acessível tendo em conta o cuidado aspecto. Falaram-nos ainda do Svina i Biser, que será do mesmo estilo mas não tivemos oportunidade de experimentar.

Curiosamente quem melhor falava inglês era o bengaleiro, um afável senhor de meia idade que ao saber que éramos portugueses fez questão de mencionar que foi à final do Euro 2016 a torcer por nós pois não gostava da França. Falou do Euro 2004, da "geração d'ouro" e de como já nessa altura merecíamos ter ganho o caneco. Inevitavelmente os nomes de Cristiano Ronaldo e Figo, por esta ordem, vieram à baila e no final o senhor queria mencionar um terceiro mas estava com dificuldades mnésicas. Achava eu que se referia a Nani ou Rui Costa mas para meu espanto, quando o homem lá desbloqueou, falou-me de Fernando Gomes. 
Inédito!