18/02/18

Mawlamyine



Mawlamyine, ou Mawlamyiang como é conhecido por muitos habitantes de Myanmar,  é a capital do estado Mon e era a terceira maior cidade do país até ao florescimento da nova capital, Naypyidaw. A cidade foi a primeira capital da Birmânia colonial inglesa e o escritor George Orwell trabalhou aqui como polícia enquanto rescreveu livros como Burmese Days e Shooting the Elephant.

Hoje em dia a cidade perdeu a preponderância de outros tempos mas continua a ser o principal porto do sudeste do país. No entanto, o seu encanto deve-se precisamente ao convívio de bairros coloniais algo decadentes, à semelhança de muitos de Yangon, com múltiplos mosteiros e templos budistas. Esta tem ainda uma localização privilegiada numa curvatura do delta do rio Salween, mesmo antes de este desembocar no golfo de Martabão - historicamente importante para os portugueses na região - e e desaguar no mar de Andamão. É uma cidade verde, tropical, onde o tempo passa devagar.



A cidade é ainda o principal ponto de partida ferroviário para o extremo sul do país, sendo que à data da nossa visita a alternativa seria apanhar a infrequente "carreira" aérea ou viajar por barco, estando o transporte rodoviário interdito a estrangeiros. A cidade encontra-se pouco a sul de Hpa-An, pelo que a viagem de autocarro é curta (cerca de 1h).

Como o nosso tempo na cidade era escasso, uma vez que tínhamos um comboio para Dawei para apanhar, tivemos que optar por algumas das muitas atracções da cidade. Tivemos que abrir mão das ilhas Bilu (Ogre Island) e Gaungse (Shampoo Island) bem como de alguns edifícios coloniais como a prisão e a Igreja de S. Mateus.

Chegamos já ao fim da tarde à cidade e depois de depositarmos os nossos pertences no Cinderella Hotel, que recomendamos vivamente, caminhamos até à marginal ribeirinha onde há um mercado nocturno de comidas de rua. Jantamos uma paratha acompanha de uma ou duas cervejas e regressamos ao hotel a fim de recarregar baterias. No dia seguinte, regressamos à dita marginal e decidimos o nosso percurso: de manhã exploramos a sucessão de templos e mosteiros budistas que caracterizam a colina que se destaca nesta cidade relativamente plana e pela tarde tínhamos por missão alcançar o maior Buda reclinado do Mundo, o Win Sein Taw Ya, nos arredores da cidade. No regresso tínhamos ainda que "visitar" a estação de comboios para tentar adquirir o bilhete para Dawei.

Começamos o post precisamente por este majestoso Buda composto por vários andares interiores repletos de galerias que ilustram de tudo um pouco mas com especial foco naquilo que será o "inferno" dos budistas. Algumas das galerias dos andares superiores ainda estavam em construção e mesmo em frente a este monumental Buda, encontrava a estrutura base de um outro similar. Até hoje não sei se a ideia seria fazer dois ou se pura e simplesmente abandonaram um primeiro projecto antes de avançarem com este.




No entanto, a zona encontra-se repleta de estupas e budas, de diferentes épocas e tamanhos, nas mais diversas localizações.




Voltando a Mawlamyine, a estupa que mais se destaca no horizonte pertence ao Kyaikthanlan Paya, citada por Rudyard Kipling no seu poema intitulado "Mandalay". Pela sua localização, tem as melhores vistas 360º sobre a cidade.






Descendo a colina em direcção a Norte,  encontram-se os mais pequenos Sein Tone Mee Paya Kaung, o Uzina Paya, o Ukhanti Paya e o Aung Teiki Zedi. É fácil visitar os templos uma vez que se encontram todos alinhados numa mesma rua sem trânsito e com pouco movimento.







No princípio da rua fica o Mahamuni Paya, cujas semelhanças com o de Mandalay são mesmo o nome e claro, a presença de um Buda dourado. Apesar de se encontrar num ponto menos elevado que os anteriores, tem ainda boas vistas sobre a cidade e muito pouca gente no seu interior. e tem ainda um elevador de acesso da/para a parte baixa da cidade, ideal para quem se encontra já desgastado de caminhar ao calor húmido da região. Há ainda a opção de descer pela escadaria, que passa pelo meio de mosteiros budistas repletos de jovens monges.







Alguns dos templos estão em excelente estado de conservação, outros apresentam sinais do tempo que lhes conferem uma beleza própria.





À noite o ponto de encontro dos locais é a marginal junto ao rio, onde surgem bancas de rua com a magnífica fusão que é a gastronomia de Myanmar. É também um local de descontração, onde se bebe um copo e se conversa com familiares e amigos. O calor finalmente abranda e a brisa do rio traz o alívio tão esperado ao longo de todo o dia.



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