22/10/18

Koh Lipe


Koh Lipe é uma das ilhas mais a sul da Tailândia, situada no mar de Andamão, ficando a uns 30 minutos de barco da mais conhecida ilha de Langkawi, na Malásia. Talvez pelo seu relativo isolamento e certamente pela sua distância aos destinos mais turísticos da costa sudoeste da Tailândia (Phuket, região de Krabi, etc), acaba por ser um destino relativamente menos turístico do que as ilhas mais próximas e conhecidas, como as Phi Phi ou Koh Lanta. 

Assim, o acesso mais fácil e directo para quem vem de fora, como era o nosso caso, é precisamente pela ilha de Langkawi. Havíamos voado de Cebu, nas Filipinas, para Kuala Lumpur onde após uma breve escala apanhamos novo avião da Air Asia para Langkawi. Como chegamos já ao final da tarde, pernoitamos em Langkawi a fim de podermos apanhar o ferry logo no dia seguinte.

Nós apanhamos o ferry em Kuah Jetty, com bilhetes comprados previamente online no Thai Beach Travellers, custaram 1050 baht por pessoa em época alta (Natal), à data de hoje custam 990 baht. Há também ferries da Tigerline a partir de Telaga Harbour mas o ferry deles é pior e o preço é o mesmo.

Para quem vier da Tailândia, a melhor solução será mesmo o ferry inter-ilhas da Tigerline, que vai parando sucessivamente em várias ilhas até chegar a Koh Lipe.

À chegada, o ferry fica ao largo e os passageiros são recolhidos em pequenos barcos, que desembarcam na Pattaya Beach, a única da ilha onde se encontram barcos parados em quase toda a sua extensão (um pouco como a Ton Sai das Phi Phi) e onde já chegou o turismo de massas. É aqui, no próprio areal, que se cumprem as formalidades da imigração.


Em pouco mais de 30 minutos estávamos despachados e já lá tínhamos moto-taxi da Noi Guesthouse à nossa espera. No entanto, a ilha é pequena e facilmente percorrida a pé. Há pouco trânsito, maioritariamente motas, e no epicentro turístico da ilha há uma "walking street", onde a partir do entardecer só andam peões. É nesta zona que se localizam a maior parte das lojas e restaurantes, bem como ATMs e agências de viagens, clubes de mergulho, etc. A rua inicia-se (ou termina, dependendo do ponto de vista) na Pattaya beach.


Check in feito, seguimos então para a melhor praia da ilha, conhecida como Sunrise beach. Pelo caminho, há também alguns restaurantes familiares baratos a uns 500m da praia, já em cima da praia a escolha é (e ainda bem) bastante limitada.


Muito pouca gente tendo em conta que era época natalícia e os barcos que lá existiam, para levar pessoas a outros pontos da ilha mas também para levar viajantes à vizinha mas deserta Koh Adang, que preenche uma boa parte do cenário de fundo nesta praia. Na parte sul da praia, dá-se lugar a um pequeno vilarejo onde há uma escola e um pequeno ilhéu.



No dia da nossa partida para a Koh Adang, onde passamos o Natal, visitamos aquela que é conhecida como Sunset Beach, que tal como o nome indica é onde se põe o sol. É uma praia mais pequena, com mais vegetação. Pelo caminho passa-se por uma espécie de templo budista escondido na vegetação, na praia apenas uma barraca de bebidas que fornece esteiras almofadadas aos clientes.


Koh Lipe é o destino ideal para quem procura uma ilha idílica para fazer praia e mergulho mas com ambiente mais tranquilo e menos festivo (os bares são relativamente poucos e pequenos, fecham cedo. Não vimos qualquer festa na praia durante a nossa estadia). Há ainda a possibilidade de visitar várias ilhas virgens do Parque Nacional Tarutao, sendo que só Koh Trautao e Koh Adang oferecem possibilidade de alojamento, sob a forma de campismo e na última, um único resort escondido na vegetação.

Há por fim, um último aspecto relevante a mencionar para quem leu o post até ao fim: o restaurante Papaya Mom. Fica numa esquina da "walking street" e tem provavelmente a melhor relação qualidade/preço da ilha. Convém ir cedo pois enche depressa, a comida é deliciosa e nem num prato típico do norte do país falharam. Os preços são bastante razoáveis tendo em conta a concorrência e a qualidade apresentada.


Termino com a "sala de embarque" improvisada, que foi certamente a que mais nos agradou até hoje!



07/10/18

Bantayan



Bantayan é a maior ilha de um pequeno arquipélago composto maioritariamente por ilhéus a oeste da ponta norte da ilha de Cebu. Para nós que estávamos em Malapascua foi fácil lá chegar: apanhamos autocarro em direcção à cidade de Cebu mas saímos em Don Pedro Rodriguez e aí foi só negociar um tuk-tuk até ao porto de Hagnaya. A viagem de ferry é curta e confortável e a vista desta ilha plana à chegada é soberba:

Os ferries desembarcam perto de Santa Fé, a porta de entrada da ilha. É também onde se encontram a maior parte dos hotéis e restaurantes da ilha. No entanto, à data da nossa visitam não existia ATM em em Santa Fé propriamente dita, sendo necessário ir até Bantayan - na costa oposta - para encontrar uma (na realidade existiam duas mas uma delas não aceitou nenhum dos nossos cartões, Revolut inclusive).

A ilha de Bantayan foi fortemente afectada pelo furacão Hayan, em 2013. Contrariamente à ilha de Malapascua, aqui os vestígios da passagem do mesmo ainda são bem evidentes: palmeiras e coqueiros destruídos um pouco por toda a ilha, edifícios em ruínas um pouco por todo lado (incluindo um restaurante português que nunca chegou a ser reconstruído mas cujos azulejos ainda se encontram expostos na fachada exterior que restou), lixo acumulado em determinados pontos da ilha e uma autêntica favela onde provavelmente residem aqueles que não conseguiram reconstruir as suas casas na ponta norte da ilha.

A ilha é conhecida por ter a melhor praia, para quem quer acima de tudo fazer praia e nadar ao invés de mergulhar,  da região de Cebu. À nossa chegada foi perceptível porquê: água azul ciano cristalina a banhar um extenso areal branco que desaparece no meio da vegetação. Quem pretender percorrer toda a ilha aconselho o aluguer de uma moto (300 a 400 pesos por dia), sendo que um dia é suficiente para percorrer e conhecer toda a ilha. Caso contrário, se pretender apenas fazer alguns dias de praia, basta ficar numa das praias de Santa Fé e o centro estará sempre a alguns minutos de caminhada (e um tuk tuk custa uma bagatela). Há ainda vários ilhéus em redor que podem ser explorados de barco, nomeadamente a ilha de Hilantagaan mesmo em frente, com pequenos povoados piscatórios.



Dos três dias que lá passamos, dedicamos um dia inteiro a conhecer a ilha e os restantes a descansar na praia e no alojamento. Começamos por conhecer Santa Fé, primeiro para alugar a moto e depois para tomar o pequeno almoço. É uma aldeia pacata, com uma grande praça de restauração (maioritariamente fast food e pratos filipinos básicos e alguns restaurantes de ocidentais que por lá se fixaram. As ruas são calmas de dia, nem tanto à noite, e não há grandes atractivos turísticos.



Inicialmente o plano era começar pela Paradise Beach mas o tempo não estava para praia então seguimos até Bantayan propriamente dita. Pelo camino, paramos num parque de manganais existente no sul da ilha, onde é possível caminhar por cima do mesmo num passadiço rudimentar de bamboo. Foi sem dúvida uma boa escapatória para o calor, embora não tenha dúvidas que com a maré alta teria outra beleza.





À chegada a Bantayan, começamos por visitar a igreja local, o mercado e um presépio "ajustado" à realidade local.






Depois fomos até ao mercado, trouxemos o habitual abastecimento de mangas e seguimos viagem pela costa oeste da ilha, parando numa ou outra praia pelo caminho até chegarmos à ponta norte da mesma.




À chegada a Poblacion, fomos "forçados" a recorrer a uma das muitas "vulcanizing shops" que irão encontrar pelas Filipinas: pequenas lojas/barracas onde se reparam pneus furados.




Mas o nosso motivo da vinda até este extremo da ilha não era esse obviamente. Era sim um pequeno forte, simbólico para a ilha de Bantayan por ter sido local de vigia e defesa de ataques piratas, depois na luta contra os japoneses na 2ª Grande Guerra. Bantayan significa "posto de vigia", tendo a ilha recebido o nome por ter chegado a ter 18 torres de vigia, para detectar ataques iminentes de piratas Moro.




Um outro aspecto do norte da ilha, é a poluição - da terra e do mar. Se no sul da ilha ainda se encontram alguns sinais de destruição relacionados com o furacão Hayan, é no norte que se percebe o impacto negativo que o mesmo ainda hoje tem sobre a população: barracas construídas com os materiais que provavelmente sobraram da destruição, lixo um pouco por todo lado e uma praia que poderia facilmente ser a mais bonita da ilha completamente destruída pela ausência de infra-estruturas básicas. Contudo, não deixa de ser uma das partes mais tranquilas da ilha, em que a rua principal praticamente não tem movimento.





Prosseguimos viagem pela costa oeste, onde apesar de o caminho parecer mais curto e rectilíneo no mapa, é bem pior. Esta foi a primeira costa a receber o impacto do Hayan. Ainda hoje em dia é possível perceber que várias aldeias pura e simplesmente foram abandonadas e que as que se encontram habitadas, estão em mau estado. Foi a única parte da ilha que até partes da estrada ainda estavam destruídas por completo.

 


Bantayan recupera lentamente e tenho a certeza que dentro de pouco tempo poderá voltar a ser a "melhor ilha de praia de Cebu", título informal frequentemente referido pelos locais. Para nós, terminava aqui a primeira aventura nas Filipinas, faltava apenas uma dormida na ilha de Mactan, onde se localiza o aeroporto de Cebu, de onde partiríamos com destino ao sul da Tailândia, com escalas em Kuala Lumpur e Langkawi.