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Mushroom Ba |
Na costa sudeste de Bali existe um pequeno agrupamento de três ilhas que ainda vivem numa outra dimensão. A maior chama-se Nusa Penida e a mais pequena Nusa Ceningan, sendo a intermédia - em tamanho e localização - a mais popular e desenvolvida, a Nusa Lembongan. As duas últimas são ainda ligadas por uma estreita ponte.
As três são conhecidas pelos seus spots de mergulho e de snorkeling, havendo ainda lugar para o surf em algumas das suas praias. A maior parte dos alojamentos localizam-se na Nusa Lembongan, que é também onde vivem mais locais. Curiosamente, a Nusa Ceningan - a mais pequena - ainda tem alguns aglomerados populacionais enquanto que a maior, mas também mais árida, das três ilhas é praticamente deserta.
Chegar a estas ilhas a partir de Bali é relativamente fácil. Há múltiplas companhias que fazem o trajecto até lá. A maior parte delas saem da praia de Sanur mas não é incomum encontrar companhias que saem de outros pontos mais turísticos da ilha (porto de Benoa, por exemplo). Muitas companhias oferecem ainda o pick up noutros pontos da ilha e levam os turistas até Sanur. Nós fomos de autocarro da Perama de Ubud até Sanur e à chegada partilhamos um taxi até à Cemara Beach, onde se localizava o nosso hotel. A praia não sendo nada do outro mundo, tinha areia branca, água relativamente azul e poucos turistas, apesar dos vários resorts existentes na zona.
Quanto à viagem no dia seguinte para a Nusa Lembongan, pesquisamos várias companhias e acabamos por optar por uma das poucas que fazia o trajecto Bali - Lembongan - Gili - Lombok. Aqui a escolha não é fácil pois irão encontrar reviews medonhos de praticamente todas as companhias, muitos deles certamente infundados como viríamos a verificar nas nossas viagens. A empresa a quem contratamos o serviço foi a Ocean Star. Foi de facto esta que nos levou sem qualquer percalço na curta viagem de 45 minutos até Lembongan mas não é de todo raro as companhias transferirem os seus clientes para barcos de outras companhias "optimizando" a ocupação dos ditos. Há outras companhias que fazem a viagem para as Gili com paragem na Lembongan como a Scoot mas se forem só para a Lembongan o mais indicado será mesmo procurar uma companhia com melhor reputação como a Rocky Fast Cruise, que só faz este trajecto.
O desembarque na Lembongan é feito na Mushroom Bay, onde há uns 4 ou 5 hotéis e outros tantos restaurantes. Há umas duas pequenas lojas de conveniência e nenhuma ATM. Ficamos alojados na The Well House a menos de 50 metros da praia. A praia em si é muito bonita havendo no entanto algumas alturas do dia em que há vários barcos parados na mesma. É provavelmente a melhor praia para nadar uma vez que é pouco rochosa, protegida da ondulação e é possível nadar mesmo com a maré baixa.
A Dream Beach é mais isolada - só tem uma opção de alojamento - e é mais vocacionada para surfistas, ao passo que a Sunset Beach (Sandy Bay Beach) tem um fundo rochoso que fica a descoberto quando a maré baixa. Uma outra opção válida mas também problemática com a maré baixa é Celagi Beach (Coconuts Beach), vizinha da Mushroom Bay. Todas estas praias encontram-se situadas na ponta sudoeste da ilha, sendo que a maior praia da mesma é a de Jungut Batu, principal povoado da ilha. No entanto, esta é dominada por plantações de algas e por muitos barcos de quem lá vive. Alguns dos melhores spots de snorkeling e mesmo de surf encontram-se ao largo desta zona, imediatamente após as plantações e barcos.
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Dream Beach |
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Dream Beach |
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Sunset Beach |
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Varanda do nosso Bungalow |
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Jardim da Well House |
Também na ponta sudoeste da ilha encontra-se aquele que será provavelmente o melhor local para observar o pôr do Sol, o Devil's Tear - uma formação rochosa que separa a Dream Beach da Sunset Beach, onde os locais se juntam a beber Bintang sobre as escarpas.
Decidimos alugar uma scooter para um dos dias em que lá ficamos para percorrer toda a ilha e para conhecer a vizinha Ceningan. Como praticamente não há carros na ilha (esporadicamente vê-se um ou outro pequeno camião ou carrinha) e as motas não são assim tantas, a condução é tranquila apesar do mau estado do asfalto em muitas zonas (algo que se torna ainda mais problemático na Ceningan).
Fomos a Jungut Batu levantar dinheiro à única ATM disponível na ilha, passando pelo ponto mais alto da mesma onde é possível ver grande parte da mesma.
Prosseguimos até ao nordeste da mesma, dominado por mangais, e descemos pela costa este até à
"Lembogan Village" - Kawan, um outro povoado ainda mais pequeno. Pelo meio, fizemos o dito desvio até à Nusa Ceningan, onde pecorremos grande parte da ilha. O espaço entre as duas ilhas é pouco profundo e tem água azul clara cristalina, praticamente preenchida por plantações de algas, a principal actividade das ilhas (para além da "novidade" do turismo). Esta foi a forma que os locais arranjaram de se sustentarem antes da chegada do turismo, tendo aparentemente levado a uma significativa melhoria do nível de vida nestas ilhas onde não há água doce (apenas água ligeiramente salgada). Se a Nusa Lembongan é já contrastante com o relativo desenvolvimento de Bali, a Nusa Ceningan é ainda mais "primitiva".
Há alguns centros de mergulho na ilha, que organizam mergulhos em Lembongan mas acima de tudo na Nusa Penida. Dos dois existentes na
Mushroom Bay, um já não tinha vagas e o outro - gerido por australianos - era bastante restrito no que diz respeito aos limites de profundidade permitidos. Uma vez que os preços não eram muito apelativos (50 USD por mergulho) e que não iria poder mergulhar à profundida necessária para ver o famoso
mola-mola - nome dado pelos locais ao peixe lua - decidi ficar-me pelo
snorkeling. Fomos 4 num barco (eu, a catarina e um casal de ingleses) e começamos a explorar as águas frias - sim, nestas ilhas a água é relativamente fria - da Lembongan e da Penida. Começamos por um coral ao largo de
Jungut Batu, que com o céu limpo e relativamente pouca corrente foi o melhor sítio. Exploramos de seguida alguns locais ao largo da Penida, alguns deles com correntes alucinantes, e a
Crystal Bay, onde em vão procuramos ver algum pequeno
mola-mola que andasse perdido. Por fim, terminamos a viagem no
Manta Point onde, como indica o nome, é onde passam mantas. Tivemos sorte e vimos meia dúzia delas, que passavam relativamente indiferentes por nós. Pena o mar estar um pouco mais agitado junto a esta zona de escarpas, o que impossibilitou um registo fotográfico minimamente representativo destes imponentes animais. Aqui arrependi-me de não ter reservado o mergulho com antecedência (os mergulhos no
Manta Point e na
Crystal Bay tendem a ficar preenchidos).
À noite, a ilha é calma e a luz é pouca. Há um pequeno - e descaracterizado - bar de uma australiana na
Mushroom Bay e dois restaurantes que ficam abertos até mais tarde (23h, entenda-se), pelo que aqueles que procuram uma
"party island" se irão certamente sentir deslocados. Quanto a restaurantes, podem estar descansados que há de tudo um pouco e a comida é globalmente barata e de boa qualidade:
Por fim, o único mas importante problema da ilha: o lixo. Contrariamente a outras ilhas da região onde estivemos (como as Perhentian na Malásia ou as Gili ao largo de Lombok), os habitantes locais aparentemente não têm solução para a crescente quantidade de lixo produzido (em que o turismo tem uma importante fatia), muito menos sensibilidade ambiental para as consequências do mesmo e da forma como se "desfazem" dele. Assim, é infelizmente comum verem-se lixeiras um pouco por todo lado - incluindo ao lado dos hotéis. São diárias as queimadas de lixo - principalmente plástico - ao amanhecer e ao anoitecer, tornando o ar quase irrespirável em determinadas alturas. Os próprios mangais servem, na maré baixa, para "enterrar" lixo que muito provavelmente deixa de estar "escondido" quando a maré sobe e fica à deriva no mar. Claramente as autoridades de Bali têm que encontrar um solução rápida e eficaz para este problema, sob pena de assistirem à inexorável degradação destas paradisíacas ilhas e consequente desaparecimento do turismo nas mesmas - a principal esperança de um futuro melhor para os seus habitantes.
Apesar disto a nossa estadia foi memorável: foi provavelmente a ilha mais autêntica onde estivemos e para além de ser a nossa lua de mel, ainda foi lá que celebrei as minhas 30 primaveras com um jantar surpresa organizado pela Catarina com a ajuda do Ketut e seu staff: