O nome Berati (ou simplesmente Berat) provém de Belgrad ou Beligrad, que significa "cidade branca". Localizada nas margens do rio Osum, no centro sul da Albânia, a cidade velha é composta por 3 partes: Mangalem, no sopé da colina, com as suas ruelas estreitas por entre casas do período Otomano; Kalaja, palavra albanesa para "castelo", no topo da colina; Gorica na margem oposta do rio, com um misto de casas do período Otomano e de igrejas ortodoxas do período medieval. Na planície adjacente, encontra-se a parte nova da cidade, com uma longa avenida pedonal que se estende até à imponente universidade.
Optamos por ficar instalados em Mangalem, por se encontrar a meio caminho das outras partes da cidade e por querermos passar umas noites numa casa antiga. As opções de alojamento são muitas, principalmente nesta parte da cidade, não variando muito entre si. Muitos dos "hotéis" não são mais do que um punhado de quartos distribuídos por uma ou duas destas casas.
Apesar do declive acentuado de algumas ruas, é muito fácil conhecer toda a cidade a pé. O próprio castelo pode ser alcançado a pé ou então de carro, através de uma rota alternativa pelas traseiras da colina.
No dia da chegada, ao final da tarde, houve ainda tempo para explorar a já referida avenida pedonal, permitindo-nos localizar rapidamente a maior parte dos principais pontos de interesse a visitar no dia seguinte. Jantamos do outro lado do rio - Gorica - no restaurante Antigoni, com múltiplas esplanadas com vista para a cidade velha. Recomendadíssimo.
Após uma noite bem dormida no dos quartos do simples mas económico e bem tradicional Hava Baci, partimos à descoberta. Começamos pelo museu etnográfico, segundo alguns guias turísticos um dos melhores do país (irão encontrar praticamente um em cada cidade). É possível explorar os espaços exteriores do mesmo sem pagar bilhete, sendo este apenas necessário para quem quiser visitar o interior. Apesar de bonito, a visita é curta e sente-se a falta de algo mais do que um simples folheto explicativo.
Descemos novamente até ao centro e exploramos algumas das várias pequenas mesquitas, que se encontravam todas encerradas. A excepção foi a Xhamia Mbret - Mesquita do Rei. Ao lado, a Tekke Helvetive que encontrando-se fechada nos foi prontamente aberta por um simpático senhor, com direito a "promoção 2x1" no "bilhete". Esta encontra-se relativamente escondida num espaço de edifícios históricos mas que albergam instituições governamentais.
Para alem desta mesquita, não esquecer a Xhamia e Beqarëve no sopé do bairro de Mangalem, que mesmo encerrada é especial pelo seu enquadramento no casario. Uma outra que se destaca pela localização central, é a Xhamia e Plumbit ou Mesquita de Chumbo.
Ainda no parte "baixa" da cidade, um outro "marco" que é impossível de escapar é a nova catedral ortodoxa. Do outro lado do rio, em Gorica, há alguns templos ortodoxos do período medieval. Alguns deles foram entretanto convertidos em mosteiros, outros encontram-se em ruínas.
Deslocamo-nos então no nosso veículo até ao Kalaja, repleto de casas e negócios, pequenas igrejas e ruínas de mesquitas. Além disso, este alberga o Museu Onufri, pequeno mas precioso. Começamos a visita por este último, interrompendo a mesma para almoço durante as horas de maior calor, no restaurante do hotel Klea, onde chegamos a ter reserva.
De seguida, exploramos as muralhas do castelo, em busca do que resta das suas duas mesquitas - a vermelha e a branca - bem como da Igreja da Santíssima Trindade. Encontramos o Sr. "Kosta", um simpático e prestável velhinho albanês de ascendência grega, que apoiado na sua canadiana se ofereceu para nos guiar pelos templos enquanto nos ia falando da opressão do período comunista, em que muitos dos templos foram encerrados, emparedados ou mesmo destruídos. Berati foi particularmente atingida pela onda "ateísta" de Enver Hoxa.
Igreja da Santíssima Trindade |
Igreja da Santíssima Trindade |
Ruínas da Mesquita Branca |
Interior de pequeno templo Ortodoxo acessível pela janela |
Igreja de São Miguel, vista da cidade |
Gorica |
Parte "nova" da cidade |
Ponte Gorica |
Por fim, mas não menos importante, as pontes que ligam Mangalem a Gorica: a antiga ponte de pedra Gorica e a nova ponte pedestre suspensa.
Em suma, Berati é uma das mais antigas cidades albanesas - embora os registos mais antigos da mesma datem do século 6, estima-se que a mesma já existisse desde 300 a 200 AC - e certamente uma das mais belas. Sendo uma das mais turísticas país, não é ainda - tal como a maior parte do país - alvo de um turismo de massas, mantendo o seu carácter e a sua autenticidade.