02/04/15

Ouzoud

Ouzoud, a 150km de Marrakech (cerca de 2h de carro), foi o destino final da viagem pelo sul de Marrocos, antes do regresso a Portugal. Conhecida pelas suas cascatas - as mais altas e mais bonitas do país - é um pequeno vilarejo que deve o seu nome às oliveiras ("Ouzoud"  significa "azeitona" em português).



Apesar de minimamente preparada para receber o turista, a localidade encontra-se relativamente inalterada e mantém uma atmosfera "local", relaxada e perfeita para se perder a ligação ao "acelerado" mundo exterior. Alguns macacos vivem nas circundezas das cascatas, sendo também eles parte da atracção.



Há algumas opções de alojamento mais convencionais no topo da mesma (no vilarejo propriamente dito), mas aconselho vivamente uma visita às rudimentares opções de alojamento no sopé da mesma. Aqui irão encontrar pequenas piscinas naturais, as mais próximas com umas estranhas jangadas pomposas nas quais podem flutuar junto à cascata. A jusante da mesma, vão surgindo os tais alojamentos simples (sem electricidade ou refrigeração, com as casas de banho em pequenos anexos no meio dos campos adjacentes e onde grande parte das "camas" são ao ar livre).



 Nós chegamos de noite e pagamos a um guia (que era o guarda do parque de estacionamento onde deixamos os carros) para nos conduzir até ao "Camp Afrika". Este levou-nos por um caminho "alternativo", pelo meio da vegetação e sem qualquer iluminação mas que não necessitava de atravessar a piscina do sopé da cascata. A chegada ao dito alojamento foi uma das experiências mais surreais que tive até hoje: era hora da oração e os jovens que exploram o mesmo - rastafaris muçulmanos - encontravam-se a rezar, cada um num canto diferente do mesmo, de costas voltadas para a cascata encarando o pequeno curso de água que por ali flui. Mesmo em frente ao alojamento, existem 2 pequenas quedas de água que formam entre si uma agradável piscina natural, a "TV" deles. Ali o tempo não se rege por relógios e as notícias do mundo exterior pura e simplesmente não interessam, muito menos os atormentam. A imagem de jovens muçulmanos devotos - a Alá, Manu Chao e Bob Marley - a viverem em total harmonia com a natureza e comunidade circundante ficará para sempre na minha memória. 

Recepção, cozinha e dormitório dos "funcionários" do Camp Africa
Um deles, o pequeno Hassan, impressionou-nos pelas suas habilidades como percussionista - um dos melhores que vi até hoje - talento que lhe permitia viajar com alguma frequência ao estrangeiro.
Hassan
Aí ficamos 2 dias, para conhecer a cascata e para termos algum tempo dedicado a não fazer rigorosamente nada a não ser banharmo-nos na "TV" e a conviver com eles (uma vez que éramos os únicos hóspedes). As refeições no "alojamento" éramos nós que as escolhíamos com umas horas de antecedência, para que eles pudessem ir atempadamente ao vilarejo comprar os ingredientes. Quer a tagine, quer o enórme frango do churrasco (daqueles que mais parecem um perú caseiro) estavam fantásticos. Os preços eram simbólicos, mesmo para os padrões marroquinos. Tenho a ideia que as camas no exterior - ao ar livre - custavam cerca de 4 euros, ao passo que os quartos (3 quartos duplos iluminados com velas, como todo o "complexo" após o anoitecer) custavam 6 ou 7 euros por pessoa.

Para além do "Camp Africa", existiam mais algumas opções de alojamento e restauração do mesmo género. Se seguíssemos o caminho a jusante das cascatas - algo que não fizemos, já mencionei que nos dedicamos a não fazer rigorosamente nada, certo? - iríamos ter a mais um pequeno vilarejo que os locais e turistas apelidam de "Aldeia Mexicana" por entenderem que a arquitectura da mesma se assemelha à do referido país.

Como já referi no post de Merzouga, a minha câmara deixou de funcionar no deserto e quase 4 anos depois ainda aguardo (sem perder a esperança) que alguma das almas que comigo viajou com câmara me forneça algumas fotos destes dias. Até lá, ficam algumas fotos recolhidas online - incluindo no site do Camp Africa - que ilustram esta passagem por Ouzoud. 

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