28/04/15

Rothenburg ob der Tauber


Chegamos a Rothenburg o der Tauber ao final da tarde e decidimos caminhar (10/15 minutos, dependendo do ritmo) até ao simpático Hotel Gotisches Haus, bem no centro histórico da pequena vila de apenas 10 mil habitantes. A vila é fácil de percorrer a pé e o trânsito é extremamente reduzido, sendo em muitos dos locais limitado apenas a cargas e descargas ou aos poucos moradores da zona história, que se dedica quase em exclusivo a acolher os muitos turistas que afluem diariamente à mesma. Como se não bastasse o facto de ficar próxima de Nuremberga e de Munique, a vila faz ainda parte da "Rota Romântica": um percurso de 350km de Wurzburg a Fussen que percorre várias vilas medievais e castelos.


Para quem chega de comboio: ao sair da estação viram à esquerda até encontrarem a Ansbacher Straße. Seguem por essa estrada até passarem o Rödertor (um dos portões de entrada na parte velha e muralhada da vila). Sem ter nada que enganar, vão sempre em frente primeiro pela Rödergasse e depois pela Haffengasse até estarem na Marktplatz, que penso que se pode dizer que seja o centro da vila antiga, onde se encontra a Rathaus (Câmara Municipal).

Rödergasse
Marktplatz 
Rathaus
Daqui até pequena praceta que é provavelmente a mais emblemática e a imagem de marca de Rothenburg - a Plönlein ou "pequena praça" - é um "saltinho" de umas dezenas de metros.

Plönlein
Continuando o percurso, ao chegar a outros dos portões da muralha, passamos pelo Reichsstadthalle e chegamos por fim ao antigo hospital, o Spitalbastei. Apesar do aspecto antigo, esta parte da muralha é a de construção mais recente e só foi terminada no século XVII.








A norte da Marktplatz e da Haffengasse, encontram algumas ruelas com alguns bares, bem como uma série de restaurantes na Galgengasse e na Stollengasse. É também nesta área que se encontra o maior edifício da cidade velha, a St. Jakobs Kirche (que só fotografamos à noite):


No sentido contrário, a norte da Herrngasse (continuação da anterior depois da praça) estão as ruelas mais estreitas, menos iluminadas e menos exploradas. Esta última zona pareceu-nos ser o local onde ainda residem mais locais.



As ruas e ruelas embora tenham preservado o seu aspecto medieval estão bem cuidadas, extremamente limpas e organizadas. A atmosfera natalícia e abundância de brinquedos e figuras de outros tempos salpicam a vila um pouco por todo, com rasgos de modernidade pelo meio. Outro elemento omnipresente é a pastelaria bávara, com especial destaque para os Schneeballen:


As deliciosas "bolas de neve" são na realidade tiras de massa enrolada, como que um novelo, em si mesmas e posteriormente fritas. As "originais" são depois cobertas com açúcar em pó mas sendo a especialidade culinária mais típica e conhecida da vila - e da região - há hoje em dia uma enorme e crescente variedade de coberturas. Como o resultado final é uma massa relativamente seca, tipo biscoito, duram semanas a fio mesmo sem refrigeração.






24/04/15

O que está para vir

Novo ano, novas férias, nova oportunidade de voltar à Ásia. O bixinho pela Ásia começava a instalar-se nos nossos corações. O continente louco é tão bom! É tão diferente da nossa velha e cinzenta Europa, é tão mais viciante. As cores, os mil sabores conjugados em harmonia, as pessoas extremamente práticas e generosas, a alegria das crianças, o trânsito caótico, os milhares de motoretas, os templos, as mil oferendas aos Deuses (que podem ir desde coca-colas, dinheiro falso e até cigarros), os mercados, as comidas de rua, os passeios invadidos por bancas, o calor abafador, as águas quentes das praias, as paisagens de cortar a respiração. Citando o Bourdain nós começamos a ficar "presos num Continente". 

Esta viagem teve um significado especial para nós. Era a nossa Lua-de-Mel! Ouviram bem? A NOSSA Lua-de-Mel!
A primeira coisa que organizamos no nosso casamento foi...adivinhem? A Lua de-de Mel! O destino sempre esteve escolhido: Ásia. Mas, com algumas limitações devido ao mês que decidimos dar o nó, Agosto.

A nossa ideia inicial seria um combinado entre Índia e Maldivas mas, devido às monções acabámos por abandonar essa ideia. Após algumas dúvidas acabámos por conseguir definir um roteiro : Singapura, Malásia e Indonésia em 5 semanas.

S. Miguel, 11 de Agosto de 2014,

Casados há um dia e ali estávamos nós no meio do Atlântico a banharmo-nos na caldeira velha com os nossos. Estava tudo tão perfeito! O corpo cansado, as águas tépidas da minha ilha, a minha família o meu marido a felicidade era simples e prática tal como se quer.

Caldeira Velha
Umas horas depois do casamento...
Por volta das 15/16 horas saímos em direcção à Maia (a minha terra). Tinha que acabar de fazer a mala para ainda nessa tarde voarmos para Lisboa. No dia seguinte partíamos de manhã em direcção a Singapura.  Estava tão cansada que só pensava como iria enfrentar uma viagem de longo curso. Mas a verdade é que foi feita e correu (quase) tudo dentro do previsto.

O nosso roteiro foi  simples e um pouco mais lento do que estamos habituados. Ficamos algum tempo pelas praias, talvez até demasiado para nós. As minhas férias "ideais" passam por estar 2/3 dias num sítio e partir para ir conhecer outro, e assim sucessivamente...e no final passar uns 3/4 dias na praia. De qualquer forma foram umas férias fantásticas.

O roteiro ficou o seguinte:

Singapura - Malásia (Melacca, Kuala Lumpur, Penang e ilhas Perhentian) e Indonésia (Canggu, Ubud, Sanur, Nusa Lembongan, Lombok, ilhas Gili e Flores (o nosso tour de barco foi cancelado à última hora))



Desta feita os relatos aqui no blog serão sobre esses destinos. Espero que acompanhem!

Um dia Feliz :)

Baci*

23/04/15

Nuremberga



Era para ser uma "escapadinha" de uma semana a Rothenburg ob der Tauber, Munique e Salzeburgo mas acabamos por voar por Nuremberga por os voos low cost estarem consideravelmente mais baratos.

Vários conhecidos me diziam que a cidade era desinteressante por ter sido em grande parte destruída na II Guerra Mundial. Felizmente, estavam enganados.

St. Elizabethkirche
Chegamos então a Nuremberga numa fria noite de Fevereiro, apanhamos o metro para o centro e alojamo-nos. Pesquisamos restaurantes no Trip Advisor e optamos por comida asiática, mal descobrimos um restaurante vietnamita não muito longe da estação de comboios - que ficava próxima do nosso hotel - decidimos matar saudades de um reconfortante pho bo. No regresso, bebemos as primeiras cervejas alemãs perto do centro e percebemos pelo cenário iluminado que a cidade prometia ser diferente do que nos haviam "pintado". E não nos enganamos.

Infelizmente, tínhamos apenas algumas horas até ao comboio para Rothenburg ob der Tauber e acabamos, imperdoável e inexplicavelmente, por não tirar muitas fotos. Esquecemo-nos inclusive de fotografar duas das principais atracções da cidade: a Catedral de Nuremberga ou de St. Lorenz (pela qual passamos pelo menos umas 4 ou 5 vezes e inexplicavelmente só temos fotos da fachada lateral) e a Frauenkirche. Não querendo defraudar os nossos leitores, optei por mais uma vez recorrer à sempre nossa amiga wikipedia para vos deixar desde já uma foto de cada:

St. Lorenz (autor(a): Jailbird)
Frauenkirche (autor(a): Kolossos)
A juntar a estes dois belos exemplares de arquitectura gótica, temos a St. Sebald, cuja fachada lateral é similar à da St. Lorenz:



As 3 igrejas são as mais emblemáticas e das mais antigas da cidade e todas elas precisaram de ser reconstruídas depois da guerra. A primeira do post, a St. Elizabethkirche, destaca-se das restantes pela sua arquitectura neo-clássica. Já Frauenkirche é mais conhecida pelo seu relógio mecânico, o Männleinlaufen:

Esta fica situada na Christkindlesmarkt, praça onde se realiza um dos maiores e mais famosos mercados de Natal. 

Christkindlemarkt, foto com as torres de St. Sebald  em destaque, de costas para a Frauenkirche...


Prosseguimos então o pitoresco caminho, com direito a passagem pela Tiergärtnertor, até ao castelo da cidade, composto por diferentes edifícios independentes e de diferentes épocas.

Reaproveitamento:)
Tiergärtnertorplatz
Coelho Gigante
Fruto da guerra, a construção recente esté bem presente no centro da cidade 
Alguns dos edifícios do Kaiserburg
Do castelo, Kaiserburg, as vistas abrangem praticamente todo o centro histórico da cidade:



Terminava assim a nossa curtíssima passagem por Nuremberga, uma cidade que embora não tenha um impressionante número de monumentos ou algum marco imponente, é bastante fácil e agradável de se conhecer a pé. Não esquecer as salsichas típicas da mesma - Nürnberger Rostbratwurst (mais pequenas e picantes do que o habitual na Alemanha) - que disputam o título de mais antigas do país com as Thüringer Rostbratwurst. 
Para nós, estava na hora de regressar à estação central e partir para Rothenburg ob der Tauber!

A nossa sugestão de roteiro pedonal é iniciar o percurso pelo Ludwigtor, segundo pela Ludwigstraße. Daí chegam à Jacobplatz onde encontrarão a St. Elizabethkirche. Logo de seguida, têm a Ludwigplatz onde encontrarão a bela fonte de Ehekarussel.


Daí rapidamente encontram a Carolinenstaße que vos levará até à St. Lorenzkirche. De frente para a mesma, é só descer à esquerda e em poucos minutos encontrarão as 2 principais pontes sobre o rio Pegnitz, que dão acesso parte mais antiga da cidade. Mais um minuto ou 2 e estão na Christkindlemarkt, onde se situa a Fraunkirche, e daí à St. Sebald é uma questão de atravessar a praça e seguir as suas torres. Daqui em diante, é uma questão de se deixarem perder um pouco nas ruas mais pitorescas da cidade em direcção ao castelo.




22/04/15

Guias Lonely Planet




Apesar de termos utilizado por várias vezes o fórum "Thorn Tree" do Lonely Planet antes, só em 2010 usamos os reputados guias pela primeira vez. Confesso que fizemos o download do torrent dos mesmos, escolhemos as partes que nos interessavam para a nossa viagem pelos Balcãs ocidentais e tratamos de as imprimir. Fomos com os alojamentos reservados até meio das férias e o fomos marcando o resto ao longo da viagem, ora no destino anterior ora quando chegávamos ao destino. Acabamos por ficar com a sensação que a coisa era algo incompleta: alguns dos destinos - bastante conhecidos - tinham apenas 2 ou 3 páginas; as opções de alojamento eram algo limitadas tendo em conta a realidade; os mapas eram escassos e geralmente muito limitados. Acabamos por utilizar uma aplicação para smartphone (Triposo) em quase todo o lado. Em 2012, num regresso ao leste europeu, desta feita mais a oriente, repetiu-se o cenário pese o facto de os guias do Triposo desses países serem também eles bastante incompletos.

Talvez por teimosia - e após alguma pesquisa - em 2013 compramos os guias individuais do Vietname, Laos e Camboja. Os dois primeiros tinham óptimos reviews e estávamos esperançados que sendo guias individuais fossem mais completos e exactos. Os reviews do guia da Tailândia eram piores, pelo que optamos por comprar pela primeira vez um guia da Rough Guides.


Lá fomos de férias, as que acabamos há dias de relatar, e o resultado foi pela primeira vez satisfatório: os guias do Vietname e do Laos eram de facto completos, não só no aspecto histórico mas também na abrangência de praticamente todo o país. Eram também mais exactos, quer em termos de preços, transportes e horários de atracções. O guia do Camboja era razoável mas já com várias imprecisões detectadas - e só fomos a 2 dos principais destinos, Phnom Penh e Siem Reap (Templos de Angkor).

O ano passado, voltamos a comprar os ditos, desta feita o da Malásia, Singapura e Brunei (sendo que só fomos aos 2 primeiros) e o de Bali e Lombok. E aqui é que a coisa descarrilou. O primeiro era altamente impreciso e incompleto: continha erros grosseiros (a todos os níveis), era notória a "preguiça" do autor na elaboração do mesmo e a "cobertura" de alguns locais (ilhas Perhentian, por exemplo) era no mínimo uma "brincadeira" de mau gosto. Se é um dado adquirido que os preços podem sofrer uma ligeira inflação em poucos meses, não é de todo aceitável que indiquem preços que rondam o dobro da realidade. Não é também aceitável que, por exemplo em Penang, praticamente todos os autocarros locais estivessem errados (preços, horários e destinos) quando na realidade nada se havia alterado nos últimos anos. Pouco aceitável ainda era o mapa do metro, mono-rail e comboio de Kuala Lumpur: uma digitalização de dimensão reduzida do mapa fornecido no próprio metro, cuja legenda vem num tamanho tão reduzido que torna a leitura complicada, senão impossível, para quem não tiver olhos de falcão. Em Malaca, os erros crassos relativos à nossa história apresentados em algumas placas que se encontram na cidade foram literalmente copiados para o livro. Não fomos ao Brunei mas se tivéssemos ido teria sido outra banhada: o livro tem umas míseras 19 páginas dedicadas ao pequeno sultanato, com muito pouca informação e já incluindo mapas, contactos, etc.

O livro de Bali e Lombok, safou-se um bocadinho melhor por não ter muitos erros. No entanto, a cobertura de ilhas como Lembongan, Penida ou as famosas Gili ao largo de Lombok, era mais uma anedota. Mais uma vez, os preços indicados para algumas actividades - como o mergulho, por exemplo - eram superiores aos reais (e nós fomos em época alta).

Exposta a nossa experiência pessoal, que certamente nos afastará por algum tempo destes guias, ficam mais algumas reflexões acerca dos mesmos:

- Há várias formas de viajar e todas elas são válidas sendo que o mais importante é que o viajante desfrute das suas férias e viagens. Para nós, um dos aspectos mais importantes de viajar - senão o mais importante - é a descoberta, a aventura de sermos nós próprios a organizar as nossas férias, escolher e explorar os destinos por nossa conta. É certo que vamos ter experiências boas e más, mas as boas serão melhores por serem mais genuínas e as más servem de aprendizagem e geralmente depois de ultrapassadas costumam ser motivo de uma boa gargalhada. Os guias - os do Lonely Planet com a maior fatia de responsabilidade por serem os mais difundidos - acabam por "uniformizar"os viajantes, amputando grande parte dessa experiência. Não raras vezes encontramos as mesmas pessoas a seguir exactamente o mesmo percurso que nós, porque "o livro recomenda", quase como quem diz "o livro manda". Isto torna-se ainda mais notório no que diz respeito à restauração - e aqui o Lonely Planet e o Trip Advisor partilham as culpas. Quantas vezes não fomos à procura de um suposto restaurante "familiar" marcado como "top choice" para o descobrirmos com uma enorme fila de pessoas, qual "Efeito Rebanho", com o dito guia na mão à porta à espera de lugar? E muitas das vezes com restaurantes praticamente iguais (ou até melhores) mesmo ao lado às moscas?

- O final do último ponto, leva-me ao seguinte: será que a "top choice" de um autor é uma "top choice" para nós? É certo que foi assim que descobrimos algumas "pérolas" mas também foi dessa forma que tivemos algumas das refeições mais decepcionantes até hoje, uma delas com direito a gastroenterite. Mesmo que um guia tenha vários autores, geralmente cada um cobre uma parte do país, sendo grande parte da informação e das escolhas influenciadas em maior ou menor medida pela opinião desse mesmo autor. 

- O Efeito "Bíblia": um guia de viagem, seja ele qual for, é mesmo isso: um mero guia. Tenta transmitir da forma mais objectiva e exacta possível a realidade de um determinado destino, que é um sítio real e como tal, em constante mudança. Já referi que os preços mudam e que quando se trata de um pequeno aumento é perfeitamente compreensível. No entanto, já assisti por algumas vezes a caricatas cenas de turistas a "desatinarem" com os locais ora porque o preço de uma entrada numa atracção já não corresponde ao anunciado na sua inquestionável "bíblia", ora porque no guia é referido o preço de 1€ por Kg de roupa numa lavandaria quando o funcionário, real e que se calhar nem sabe da existência da dita "bíblia", pede 1,5€ por Kg. Não vale a pena e só nos fica mal, principalmente a nós ocidentais que nos radicamos numa arrogante superioridade moral e civilizacional.

- Guias centrados em "backpackers". Mas afinal o que é um "backpacker"? Nós levamos mochilas às costas, fazemos um esforço por gerir da melhor forma os nossos recursos para podermos realizar umas férias de 1 mês com algum conforto. Seremos "backpackers"? Se formos a avaliar pelos ditos guias, não me parece. Isto é, a maior parte dos alojamentos escolhidos são alojamentos baratos, básicos, por vezes com condições dúbias. Há sempre umas 2 ou 3 escolhas para orçamentos mais elevados mas a grande falha, para nós, é mesmo a parca escolha de alojamentos de gama "média", que muitas das vezes até têm preços similares aos mais básicos. Nós geralmente fazemos uma pesquisa exaustiva antes da viagem e optamos por reservar o máximo possível (senão tudo) antes. É certo que nos retira alguma flexibilidade no roteiro mas geralmente conseguimos assim alojamentos melhores por um preço mais acessível, que de outra forma se encontrarão já esgotados ou com preços mais elevados. A maior parte deles, não se encontram nos ditos guias. O mesmo se aplica aos restaurantes, embora aqui a escolha seja habitualmente um pouco mais equilibrada.

 Em suma, os guias - do Lonely Planet  ou outros - não são para ser levados à letra. Se o fizermos iremos limitar-nos a repetir uma pequena parte de uma viagem de alguém, sem factor surpresa, sem grande descoberta ou aventura. Devemos também ter em conta que estes são feitos e editados num determinado momento, tornando-se desactualizados em pouco tempo. Aqui a pesquisa em fóruns e sites dedicados a viajantes independentes (Trip Advisor, Travel Fish, WikiTravel, etc) torna-se indispensável pois são continuamente actualizados por múltiplos viajantes, sejam eles "backpackers", casais, famílias ou ecoturistas. O YouTube e o Vimeo estão repletos de relatos de viagem que podem ajudar bastante a decidir o roteiro e na escolha das atracções que mais nos possam interessar.Utilizem também os variadíssimos sites de reservas de alojamentos para terem este tipo de feedback em relação aos mesmos.
 Não tenham receio de experimentar restaurantes que não são referidos no livro, se tiverem muitos "nativos" provavelmente até serão melhores do que aquela "top choice" que está à pinha de turistas e que se calhar até já se desleixou um pouco por ter uma fonte inesgotável de clientes.
 Posto isto, este ano vamos 3 semanas para Myanmar (antiga Birmânia) e compramos 2 guias para nos entretermos na viagem e para algumas dúvidas de última hora (pois a pesquisa já está feita, refeita e revista): Rough Guides e Guia Azul (em castelhano).

 Boas viagens!

18/04/15

Damnoen Saduak (Mercado Flutuante)


Reservamos parte da nossa estadia em Bangkok para visitar os famosos mercados flutuantes da Tailândia. Escolhemos o Damnoen Saduak por se tratar de um dos mais conhecidos - senão o mais conhecido - e por este ficar relativamente perto da cidade.

Assim, compramos o nosso bilhete numa agência em Bangkok, pagando cerca de 800 baht por pessoa. Este bilhete supostamente incluía a viagem de carrinha, long-tail e em barco a remos. 

Partimos de manhã cedo, após um atraso de cerca de meia hora relativamente à hora marcada para nos irem buscar ao hotel. Aguardamos mais algum tempo que chegassem o resto dos clientes e que fizessem a redistribuição dos mesmos por carrinhas. A viagem dos cerca de 100km levou cerca de 2h, com uma paragem pelo meio.

No que diz respeito ao bilhete, escrevi "supostamente" porque à chegada ao cais de embarque descobrimos - nós e os restantes passageiros - que afinal de contas se quiséssemos andar no barco a remos tínhamos que pagar 100 ou 150 baht directamente aos proprietários dos mesmos. 
É nesta altura que se instala a confusão e um sentimento de revolta quase generalizado. Primeiro, porque quase todos tinham sido informados que o barco estava incluído no preço. Segundo, porque no meio da discussão com o guia fomos descobrindo que havia uma disparidade no mínimo "interessante" de preços que pagamos pela tour. Várias agências vendem bilhetes para o mesmo tour, feito por companhias externas às mesmas. Assim, na nossa tour embora a maior parte tivesse pago 800 e 900 baht, havia quem tivesse pago 400 baht e quem tivesse pago mais de 1000 baht. Após uma intensa discussão com o guia, com várias chamadas para as agências onde cada um tinha comprado o seu bilhete, nada se resolveu e quem quis dar o passeio no barco a remos teve mesmo que pagar o bilhete.

Posto isto, lá aguardamos pelo nosso barco, tentamos abstrair-nos do que se tinha passado e fizemos por desfrutar da nossa última tour das férias. 










O mercado é interessante e muito fotogénico mas na realidade praticamente não vimos interacção entre os locais. O que vimos foi uma grande concentração de barcos, com um ar relativamente "autêntico", em frente ao cais principal e um sem fim de lojas de souvenirs que rodeavam o mesmo de ambos lados do canal.

Por muito que tentássemos ver a coisa por outro prisma, não havia como fugir ao óbvio: este que outrora fora um dos mercados mais "típicos" da Tailândia tinha-se transformado num "show" para turistas. As ditas lojas vendiam os mesmos souvenirs que encontram em qualquer outro lado do país mas a preços inflacionados e os muitos barcos que víamos abordavam insistentemente os ainda mais numerosos barcos de turistas que se abalroam na tentativa de se aproximarem dos barcos e das bancas de vendedores. Como se tudo isto não fosse suficiente, há ainda vários números dignos de um "circo" com animais em condições "duvidosas" no cais de partida.


Outro aspecto decepcionante e que podia facilmente ser contornado, é o facto de long-tail circularem um pouco por todo lado, por vezes sem grande cuidado e a velocidades inaceitáveis tendo em conta que não raras vezes passam a escassos centímetros de frágeis barcos a remos carregados de gente. No fim do nosso passeio de barco, também usamos um long-tail mas apenas para sair do mercado até ao parque de estacionamento mais adiante. O long-tail como meio para circular no mercado não nos pareceu de todo adequado.



O influxo massivo e diário de turistas também deixa a sua marca nos canais, algo que a consciência de cada um - turistas e locais - facilmente poderia evitar.



No final da viagem, já no long-tail, ainda tivemos a oportunidade de ver um "bicharoco" que se assustara com o barulho do motor:


Por fim, de referir o mais preocupante esquema que há relativamente a estes mercados. Muitos taxistas e angariadores oferecem viagens a preços mais baixos do que o normal. E cumprem. O problema é que em vez de levarem os turistas para o cais principal junto ao mercado, levam os mesmos para cais privados a alguma distância do mesmo, onde lhes são exigidos valores exorbitantes pela viagem de barco (onde certamente estará incluída a comissão dos primeiros). Basta pesquisarem por "Damnoen Saduak sacms" e rapidamente irão encontrar relatos de pessoas que pagaram 2000 ou mais bahts, por vezes por pessoa, pela viagem de barco.