05/04/15

Templos de Angkor (Siem Reap)

A noite já tinha caído quando chegamos Siem Reap.  O entusiasmo era mais que muito porque finalmente estávamos mais perto dos magníficos templos de Angkor! O percurso entre a capital e a cidade de Siem Reap foi feito de autocarro pela Mekong Express- (aqui) que recomendámos. Para além disso é uma viagem bastante interessante porque dá para ir apreciando como realmente as pessoas vivem fora das cidades mais turísticas. 

O Camboja mostrou-se um país ainda bastante rural mas, que parece viver em espírito de comunidade e entreajuda . As casas são altas e sustentadas por estacas como também vimos no Laos, isto tudo por causa das cheias na altura das monções e também por causa dos animais. É também por debaixo da casas que a maioria aproveita a sombra dada pela própria casa e relaxa, executa trabalhos do dia-a-dia, cria animais, as crianças brincam, etc.

O tempo urgia: queríamos ver o ambiente da cidade e jantar por isso o tempo do check-in pareceu-nos imenso. Ficámos alojados no hotel La Niche de D´Angkor que fica bem localizado e tem uma boa relação qualidade preço. Fomos a pé para a conhecida "Pub Street" que não passa de uma rua cheia de bares (com música altíssima), restaurantes  e algumas casas de massagens. Uma das especialidades gastronómicas mais relevantes é o barbecue khmer que conta com algumas carnes exóticas no cardápio. Á entrada/saída da rua encontra-se vários tuk-tuk com preços concertados. Optámos por regressar a pé. Pelo caminho ainda encontrámos uma discoteca com fila à porta mas, o dia de amanhã ia ser longo e começar cedo.


Templos de Angkor


Os templos de Angkor são o maior complexo arqueológico religioso do mundo e maior cidade da era pré-industrial. Apesar de construído entre os séculos IX e XV, as suas ruínas só foram "anunciadas" ao mundo em 1860 pelo explorador francês Henri Mouhot. Até então, estas eram apenas conhecidas dos Khmers e de um punhado de Ocidentais, sendo os relatos mais antigos dos portugueses Diogo do Couto (1550) e António da Madalena (1586). 
São também classificados como Património Mundial pela UNESCO.  A viagem de Siem Reap até aos templos  demora cerca de 15 minutos e a entrada no complexo é feita pelo portão Sul de Angkor.

Para visitar os templos de Angkor a forma mais prática e rápida é alugando um tuk tuk para o dia (valor médio 15-20 dólares).  Pode-se também fazer a descoberta dos templos Khmer de bicicleta mas, há que ter em conta que o complexo é enorme e a distância entre os templos é ainda grande e tudo isso feito debaixo de muito calor e humidade. Não te esqueças de levar paciência pois, é um local bastante turístico e com alguns grupos enormes que não respeitam muitas vezes nem os outros viajantes, nem os próprios templos mas, isso é outro assunto.

É necessário adquirir um bilhete para a entrada no parque, que para o nosso caso custou 20dólares, por ser um bilhete diário. Há também passes para visitas de 3 (40 dólares) e 7 dias (60 dólares).

Num dia só, visitamos alguns dos principais agrupamentos de templos, pela seguinte ordem:



Angkor Thom


Bayon




Construído em finais do século XII e princípio do século XIII, é o templo central do complexo Angkor Thom, a última capital do Império Khmer. Após a morte de Jayavarman VII, foi progressivamente ampliado e modificado pelos reis Hindus e Budistas Theravada que se seguiram. 
É sem dúvida um dos templos mais impressionantes de todo o complexo de Angkor e é composto por vários níveis compostos por múltiplas torres compostas por 4 faces, formando um emaranhado labiríntico entre elas.









Baphuon




Também parte do complexo Angkor Thom e do Palácio Real, foi construído no século XI em honra à deusa Hindu Shiva. Foi convertido no final do século XV em templo Budista.
Este encontra-se ladeado por reservatórios de água, com um pequeno passadiço de pedra que dá acesso ao templo. Apresenta uma estrutura relativamente piramidal em 3 níveis, sendo que o nível superior se encontra ainda em reconstrução uma vez que foi construído num terreno arenoso e consequentemente instável, pelo que parte significativa do mesmo desmoronou ao longo do tempo. A reconstrução foi ela própria interrompida por diversas vezes, sendo que parte dos registos originais da estrutura do mesmo se perderam aquando da insurreição do Khmer Vermelho.












Phimeanakas 



Mais antigo que os dois anteriores, este data do século X, período do reinado de Rajendravarman. Foi posteriormente reconstruído por Jayavarman II e era dos locais mais restritos do Palácio Real, estando situado a norte do Baphuon.




Em frente ao Baphoun e ao Phimeanakas, não perder o Terraço dos Elefantes e o Terraço dos Reis Leprosos, onde irão encontrar fabulosas esculturas e relevos em pedra.




Ta Prohm






Originalmente chamado Rajavihara, foi erigido tal como o Bayon pelo rei Jayavarman VII em finais do século XII e princípio do século XIII. Contrariamente à maior parte dos templos mais conhecidos, permanece até à data tal como foi encontrado sendo mesmo conhecido pelas enormes raízes de árvores que envolvem a sua estrutura que aparenta estar a ser "engolida" pela selva. Escrevo aparenta porque embora não tenha sido alvo de amplos trabalhos de reconstrução como os restantes, houve ainda assim um imenso trabalho de forma a estabilizar as ruínas, bem como a construção de passadiços de madeira com cordas de forma a proteger o mesmo da invasão de turistas, que mesmo assim insistem em ignorar cordas e sinalética colocando em risco um dos templos mais impressionantes do complexo. Outra particularidade deste templo é o facto de ser praticamente plano e não piramidal como os restantes.
















Banteay Kdei




Templo Budista de raiz, é conhecido como "Cidadela das Câmaras" ou "Cidadela dos Monges", uma vez que era um mosteiro budista e que foi ocupado ciclicamente e por períodos por monges. É tal como o vizinho Ta Prohm um templo plano, embora significativamente mais pequeno e em pior estado de conservação.


Angkor Wat





O mais conhecido de todos os templos do complexo, foi data do século XII e a sua construção foi ordenada por Suryavarman II. Tal como muitos outros templos, nasceu à luz da fé Hindu - dedicado a Vishnu - e foi mais tarde "convertido" ao Budismo, tal como o império Khmer. Foi construído sobre um complexo sistema hidráulico com grandes reservatórios de água em seu redor, estando ligado à estrada por uma longa ponte de pedra, adornada com sucessivas estátuas de ambos os lados.
É o maior (em extensão) edifício religioso do mundo, é imensamente trabalhado e é o maior símbolo do Camboja, estando no centro da sua bandeira. É também o maior atractivo turístico do país. 



























O nascer e o pôr do sol são as alturas do dia em que há um "pico" de visitantes. Nós optamos por esperar pelo pôr do sol mas pouco tempo antes percebemos que o céu nublado não só não ia abrir como a brisa que se intensificava iria trazer uma valente chuvada, o que acabou por acontecer.

Mudança abrupta do tempo

Outros templos

O complexo tem um sem fim de templos, que vão desde os mais próximos aos complexos principais como o Preah Khan e o Ta Keo até aqueles que se encontram literalmente perdidos no meio da selva, como o Banteay Srei ou o Preah Ko. Um dia - com uma breve paragem para almoço num dos restaurantes que se encontram no complexo - com um tuk-tuk por nossa conta dá para ver os principais templos como fizemos, sem grandes pausas ou demoras. Por outro lado, se pretenderem visitar templos mais distantes ou fazer a visita num passo pais relaxado devem reservar 2 ou 3 dias para o efeito. Algumas pessoas regressam à cidade de Siem Reap pela hora de almoço, devido ao calor intenso. Nós fomos no final da época das monções e apesar de estar muito calor, achamos que era tolerável e mesmo que não o fosse, não justificava a viagem de ida e volta à cidade, até porque sítios (restaurantes, cafés, lojas, etc) com sombra dispersos por todo o complexo não faltam. Outras opções mais demoradas mas também interessantes para conhecer os templos são a bicicleta e pequenos percursos de elefante, nos agrupamentos "centrais".

Local de convívio e até de pesca para os locais!
Até o "bicho" se questiona porque é que este gajo não vai pela estrada...

Por fim, uma pouco sobre a cidade de Siem Reap em si. Esta serve como base para visitar os templos e visto que tínhamos pouco tempo, dedicamos o dia aos mesmos e apenas as 2 noites em que lá estivemos à cidade. É uma pequena cidade agradável e fácil de conhecer a pé, mesmo para quem tem um hotel pouco central como foi o nosso caso. Visitamos o pequeno e pouco interessante (quando comparado com outros do Sudeste Asiático) mercado nocturno, bem como a barulhenta rua dos pubs.



Finalmente provamos o prato "nacional", o Amok e recomendamos. Algumas partes da cidade encontravam-se alagadas (mas nada que se comparasse a Phnom Penh) e no dia seguinte íamos perdendo o avião para Bangkok - e tínhamos decido comprar os voos na noite anterior - por a estrada para o aeroporto se encontrar ela sim, toda inundada.

Estrada para o aeroporto...

O ATR que nos havia de levar até Bangkok, medo! MUIIITO medo!
Adeus Camboja inundado!!!

8 comentários:

  1. Parabéns pelo relato! Me fez ficar com mais vontade de conhecer Siem Reap o quanto antes!
    Existem dois hotéis com nome La Niche D'Angkor. O D'Angkor Villa e o D'Angkor Boutique. Em qual vocês ficaram? Reservei o La Niche Boutique para me hospedar durante as 4 noites que ficarei na cidade.

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  2. Olá Flavio! Desde já obrigado pelo comentário. Nós ficamos no Boutique. Fica numa zona sossegada mas de fácil acesso. O hotel é bastante agradável, tem uma boa piscina e uma equipe prestável e simpática. Também nos arranjaram tuk tuk para os templos e para o aeroporto a preços normais. Tenho a certeza que vai gostar! Veja no site deles que por vezes têm promoções. No nosso caso fizeram-nos o mesmo preço do booking mas ofereceram-nos uma massagem:)

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  3. Fico feliz de saber que o hotel é bom. Estava achando que não era muito bem localizado. Como vou ficar 4 noites, acho q o passe de três dias para os templos é o ideal, certo?

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  4. Olá Flávio! Sim, o passe de 3 dias é o ideal se tem 4 dias. Mais do que 3 dias parece-me exagerado. O hotel fica numa zona tranquila, a uns 10 minutos de caminhada do centro. Além da massagem ainda nos ofereceram transporte em tuk-tuk para o aeroporto. Obrigado por passar pelo blog:)

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  5. Qual o próximo destino de vocês?

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  6. Este ano vamos para Myanmar (Birmânia) mas aqui no blog ainda estamos a relatar a viagem de 2013, ainda falta a semana que passamos na Tailândia:) Depois ainda vem a viagem de 2014:p

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    1. Ótimo! Estarei acompanhando e pegando as dicas pra minha viagem de novembro. Quanto a tabela do circular train de yangon que coloquei no mochileiros.com,fizeram algumas alteraçoes nos horários, mas no geral é aquilo mesmo.

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    2. Obrigado Flavio. É bom ter ideia do roteiro e dos horários do comboio circular, assim não temos que "gastar" uma manhã ou uma tarde pra isso:)

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