30/05/15

Resumo do dia #1

Chegamos ontem, após um longuíssimo dia, a Tirana e hoje de manhã fizemo-nos à estrada rumo à nossa primeira paragem, tendo cruzado mais uma fronteira a norte da Albânia.

Mais tarde virá o inevitável relato, por hoje fica um "cheirinho" do dia em Prizren, segunda maior cidade da República/Província do Kosovo:












Amanhã regressamos à Albânia, à região de Valbona, com passagem por Gjakova (Dakovica para os Sérvios) e, se o relógio permitir, Peja (Péc). 

Até já!

24/05/15

Malaca

Museu e Memorial da Proclamação de Independência
Partimos de Singapura em direcção a Malaca (Melaka em malaio), cidade ocupada por Portugal durante 130 anos, num autocarro que demorou cerca de 4h. A passagem pela fronteira foi rápida e a viagem incluiu uma curta paragem (15 ou 20 minutos) numa área de serviço já na Malásia.

Para a pesquisa e compra de bilhetes de autocarro na Malásia usamos o BusOnlineTicket que agrega várias companhias com diferentes preços, horários e condições.


Chegados a Malaca, partimos em busca de vestígios da nossa presença que se prolongou por 130 anos, aquando da passagem de Afonso de Albuquerque e de São Francisco Xavier por estas bandas. 


Pouco depois de atravessarmos a rua em frente ao nosso hotel chegamos à "A Famosa" ou "Porta de Santiago", o único portão que ainda resta da muralha que os portugueses erigiram em 1511 para defender a cidade dos ataques dos sultanatos vizinhos. Em 1641, aquando da queda da cidade em mãos holandesas estes alteraram as inscrições da mesma, daí a referência ao "ANNO 1670". Esta é hoje em dia uma das principais atracções da cidade.

"A Famosa" ou "Porta de Santiago"
Nas imediações da mesma, no topo de uma colina, encontram-se as ruínas da Igreja de São Paulo, onde repousaram temporariamente os restos mortais de São Francisco Xavier, antes de serem transferidos para Goa. Em frente à mesma existe uma estátua do mesmo que nos foi impossível de fotografar dado o elevado número de turistas chineses que se penduravam nela. As ruínas da igreja encontram-se em mau estado de conservação. E por aqui se ficam os nossos vestígios no centro da cidade, existindo ainda uma (muito) má réplica de um suposto galeão português (intitulado "Flor de la mar" e que aloja o museu marítimo) que alimenta parte do "circo" que é o centro da cidade: dezenas ou mesmo centenas de riquexós decorados com "hello kitty", supostas réplicas de tudo e mais alguma coisa, etc.



Antiga cripta de S. Francisco Xavier
Museu "Flor de la mar"
Pequena parte do "circo"
Caminhamos então até um das imagens de marca da cidade, a praça holandesa onde se situam vários edifícios avermelhados, nomeadamente a Igreja de Cristo e o Stadthuys, o centro administrativo  da cidade sob ocupação holandesa. Próxima desta zona, existe uma "nova" (século XIX) igreja dedicada a São Francisco Xavier.






Daqui até à Little India e à Chinatown é uma pequena caminhada mas ambas foram para nós uma decepção. A primeira é suja (com esgotos a céu aberto relativamente "encobertos" por placas de cimento) e com poucos ou mesmo nenhuns pontos de interesse. Grande parte do comércio encontrava-se fechado (aparentemente de forma permanente) e o movimento de pessoas era reduzido (contrariamente ao trafego automóvel que era excessivo, como em quase toda a parte histórica da cidade). Já a Chinatown foi transformada (transfigurada?) numas poucas ruas dedicadas exclusivamente ao turismo: com venda massiva de souvernirs - que pouco ou nada tinham a ver com a Malásia, muito menos com a cidade - ao som dos Beatles e música pop actual, hotéis e restaurantes/bares completamente ocidentalizados.










Algo desapontados com a cidade, tentamos uma nova aproximação à mesma com um passeio nas margens do rio. À primeira vista parece uma boa ideia e as fotografias que havíamos visto antes deixaram-nos curiosos. Mas a realidade é, infelizmente, diferente: o casario em redor do rio encontra-se extremamente degradado; noutras áreas construíram monstruosos hotéis completamente desenquadrados com o cenário; o rio poluído ao ponto de, após nos termos concentrado nesse aspecto, contarmos algumas dezenas de peixes mortos à tona da água.





Cansados da viagem até à cidade e das caminhadas pela mesma sob um calor abrasador, decidimos regressar ao hotel para um reconfortante banho e uma bebida de boas-vindas que havíamos adiado. Voltamos à carga já próximo da hora de jantar, desta feita para apanhar um taxi que nos levasse à nossa última esperança de empatizar com a cidade, o Perkampungan Portugis ou bairro português, onde se localiza a Medan Portugis: uma praça onde existem restaurantes especializados em marisco e suposta culinária "euroasiática" porta sim, porta sim. A população desta zona é da etnia Kristang e é descendente de casamentos da era colonial entre portugueses e nativos. Falam uma língua creoula própria, também ela denominada Kristang ou simplesmente Cristão/Cristan, que importou grande parte do seu vocabulário do português arcaico e o integrou no malaio.

Como fomos num sábado, a praça encontrava-se repleta de gente mas optamos por um dos restaurantes mais afamados e que fica ainda antes da mesma, o Restauran de Lisbon. Pedimos o Debal Curry (o caril mais parecido a um caril de frango português que alguma vez comemos fora do nosso país) e o Sambal Crab, um prato de caranguejo que foi dos mais picantes e deliciosos de todas as nossas férias. O restaurante era familiar e tinha pouca gente, aparentemente ninguém entendia uma palavra do nós dizíamos. No entanto, os bares nas imediações tinham quase todos a nossa bandeira e eram visíveis fotografias de grupos kristang em tudo similares aos nossos ranchos folclóricos e ainda algumas imagens de naus portuguesas. Terminamos a noite com um passeio na praça, junto ao mar e regressamos partilhando um taxi chamado pelo próprio restaurante ao nosso hotel.

Tínhamos finalmente encontrado uma razão para empatizar com Malaca e afinal ainda lá estamos, nem que seja só um bocadinho.







23/05/15

10000 visualizações!


O Mochileta atingiu hoje as 10 mil visualizações!
Obrigada a todos que nos acompanham, em jeito de comemoração iremos publicar nas próximas horas o nosso primeiro post relativo à Malásia, que se foca na cidade que foi nossa colónia por 130 anos: Malaca. Até já!

16/05/15

Campo de Concentração de Dachau



No nosso último dia na Alemanha aproveitamos o facto de só termos o voo ao final do dia para após uma manhã bem dormida partirmos até Dachau, local onde outrora existiu o primeiro e um dos maiores campo de concentração nazis.


Como lá chegar: apanha-se o comboio S2 na estação central de Munique (Hauptbanhof) em direcção a Dachau/Peterhausen. Cerca de 25 minutos depois chegam à estação de Dachau e lá é necessário apanhar um autocarro, o 726 (há outros mas este é o recomendado), em direcção a Saudbachsiedlung. Depois é prestar atenção às paragens e sair na "KZ - Gedenkstätte". A viagem completa (comboio + espera + autocarro) leva cerca de uma hora.



Visitar um antigo campo de concentração é uma tarefa pesada, por muito bem dispostos que estejamos à chegada tudo muda em poucos minutos. A entrada é gratuita - seria "complicado" ser de outra forma - mas se quiserem o audio guide têm que pagar 3,50€ por ele.


Nós optamos pelo dito guia e pouco depois passávamos pelo portão que entretanto foi roubado, o que apresentava o slogan comum aos campos de concentração nazis: "arbeit macht frei" - "o trabalho liberta".

De semblante carregado, lá seguimos até onde um dia estiveram as camaratas dos prisioneiros, que foram desmanteladas após o campo ser libertado por soldados americanos em 1945. Para além das centenas de mortos encontrados à chegada, estavam lá ainda 32 mil prisioneiros cuja libertação foi morosa (o campo foi transformado num campo de refugiados e só deixou de o ser em 1960). Duas das camaratas foram entretanto reconstruídas para servirem de "museu".






O edifício principal esse encontra-se de pé, bem como um edifício de masmorras com melhores condições para onde eram encaminhados os prisioneiros mais importantes e influentes (geralmente por motivos políticos) bem como outros que estavam prestes a ser executados. Na frente do edifício principal existiam uns mastros onde era pendurados prisioneiros a fim de serem torturados, não raras vezes até à morte, à vista dos restantes prisioneiros.

Edifício Principal, com um (estranho) memorial em frente
Corredor do edifício nas traseiras do anterior
Cela do mesmo
Ao fundo do campo, existem memoriais erigidos pelas várias religiões mais afectadas por este campo (um judeu, um ortodoxo, um católico, um protestante e um convento carmelita) uma pequena passagem por cima do canal artificial que delimitava o campo dá acesso a uma área mais isolada onde se localiza o edifício da câmara de gás e os crematórios. 

Memorial Católico Polaco 
Memorial Judeu
Convento Carmelita
Memorial Ortodoxo Russo

O "casa" da morte
A impressão com que se fica ao longo da visita ao campo é a de uma tentativa de "minimizar" o que ali se sucedeu, em especial nesta última área. A informação fornecida é contraditória e num passado não muito longínquo existia mesmo uma placa referindo que nenhum prisioneiro havia sido gaseado naquele campo. Hoje em dia, é referido que foram de facto gaseadas pessoas naquele edifício e que a sala (disfarçada de chuveiro) tinha capacidade para gasear 150 pessoas de uma só vez, num período de 15 a 20 minutos. No entanto, referem que não foi utilizada para extermínio em massa. Até há pouco tempo, era também referido que os crematórios serviam apenas para se desfazerem dos corpos dos mortos por doença, de forma a evitar a propagação das mesmas (mesmo depois da libertação do campo o Tifo foi responsável por um elevado número de mortos no campo). Hoje em dia a informação constante na placa é, pelo menos para nós, ambígua. Não devia ser. A história não pode ser reescrita, muito menos esta. Este é o nosso contributo para que nada disto desapareça um dia:

Fornos...

...mais fornos...
"killing facility (...) but the gas chamber (...) was not used for mass murder"
"this was the center of potential mass murder (...) up to 150 people at a time"

Câmara de Gás
Câmara de gás
Câmara de gás
...e mais fornos! 
Depóstico de "cinzas"